Mulher trans é morta a tiros enquanto bebia com o irmão em bar na Grande BH

Crime ocorreu em Caeté

Uma mulher trans, de 32 anos, foi morta a tiros na madrugada deste domingo (17) em um bar no bairro Emboabas, em Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, a vítima estava no local junto do irmão, quando um jovem de 19 anos e outras cinco pessoas saíram de um matagal e caminharam em sua direção.

Testemunhas disseram que o autor, identificado como “Thiaguinho”, se aproximou de Kelly Keyze Rosa da Silva pelas costas e atirou 11 vezes contra ela.

O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado, mas constatou a morte no local. O corpo de Kelly foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) e o celular da vítima foi encaminhado à Polícia Civil.

Ainda não há informações do que pode ter motivado o crime. Imagens de câmeras de segurança flagraram a ação, mas o autor e os comparsas continuam foragidos.

Triste recorde

Infelizmente, esse está longe de ser um caso isolado no Brasil. Em 2021, foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans no país. Deste total, 135 tiveram como vítimas travestis e mulheres transexuais e cinco vitimaram homens trans e pessoas transmasculinas (veja aqui).

Os dados estão no Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021. O estudo foi realizado pela da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) com apoio de universidades como a Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Federal de São Paulo (Unifesp) e Federal de Minas Gerais (UFMG).

O Brasil foi, pelo 13º ano consecutivo, o país onde mais pessoas trans foram assassinadas. Em relação à distribuição geográfica, São Paulo foi o estado com mais homicídios (25), seguido por Bahia (13), Rio de Janeiro (12) e Ceará e Pernambuco (11). Além dos casos no Brasil, foram identificados dois assassinatos de brasileiras trans em outros países, um na França e outro em Portugal.

Os perfis das vítimas não puderam ser completamente traçados. Dos assassinatos com informações sobre a idade – 100 casos -, 53% tinham entre 18 e 29 anos; 28% entre 30 e 39 anos; 10% entre 40 e 49 anos; 5% entre 13 e 17 anos e 3% entre 50 e 59 anos. Quanto à raça, 81% das vítimas se identificavam como pretas ou pardas, enquanto 19% eram brancas.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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