Universitária relata novo caso de assédio na PUC Minas: ‘Me senti muito vulnerável’

Reprodução/Facebook + Google Street View

Mais um caso de assédio envolvendo uma estudante da PUC Minas do Coração Eucarístico, na região Noroeste de Belo Horizonte, foi registrado na noite dessa quarta-feira (4). Desta vez, a vítima foi a aluna de engenharia de produção Ana Luiza Marques Machado, de 19 anos. Ela conta que o episódio ocorreu dentro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o agressor seria um colega do mesmo curso. A jovem, no entanto, não foi a primeira a fazer uma denúncia do tipo. Em 2017, relatos de violência sexual nas proximidades da PUC assustaram alunos. Na semana passada, o Bhaz conversou com estudantes que foram vítimas dentro da própria universidade.

Depois de ter sido assediada e procurar a Polícia Militar (PM), Ana Luiza conversou com o Bhaz. Ela também fez um relato que já circula por diversos grupos no WhatsApp. “Nunca passei por uma situação parecida. Pode parecer besteira para alguns, mas nós mulheres nos sentimos extremamente vulneráveis diante dessa situação, além do sentimento de culpa, por mais que seja absurdo”, comenta. A aluna de engenharia de produção conta que a universidade nunca foi um local seguro. “A PUC não tem controle de quem entra e quem sai. Todos estão em risco, principalmente as mulheres”, desabafa.

Ana Luiza conta da grande repercussão do caso e como as pessoas têm se solidarizado, porém reclama de alguns homens que desmerecem a história. “Fico feliz por várias mulheres que vieram prestar todo o apoio e me defender. Mas, hoje li em alguns grupos, alguns homens falando que viram o vídeo das câmeras do DCE e não acharam assédio. É absurdo ler esse tipo de coisa, ainda mais vindo de homens. O assunto assédio não deveria dividir opiniões. Enquanto isso acontecer, não teremos soluções e as mulheres vão continuar correndo perigo”, relata.

De acordo com a aluna, o homem responsável pelo assédio continua frequentando o DCE normalmente. “Um dia após a situação, vi o rapaz no DCE novamente usando o violão deles. Fiquei impressionada, pois o DCE é uma instituição da PUC que diz defender as mulheres. Lá, eles costumam colocar panos quentes em situações como essa só pra não sujar o nome dos diretores do local. Quando vi o assediador lá, fui imediatamente falar com um dos diretores e tive a seguinte resposta: ‘não temos controle sobre isso’. Complicado. A cada dia mais perco as esperanças”, diz a estudante.

Por telefone, a presidente do DCE, Thainá Nogueira, falou ao Bhaz que o diretório repudia tais atos, tanto do assédio da semana passada, quanto o dessa quarta-feira (4). Ela também diz que o DCE ajudará as estudantes a buscar medidas cabíveis. “Infelizmente, esses casos sempre aconteceram na PUC Minas. O que as pessoas devem entender é que forçar um beijo é uma violência como outra qualquer. Não se pode banalizar estas situações”, comenta.

Google/Street View

De acordo com Thainá, o DCE é composto por muitas mulheres feministas, que buscam defender as estudantes. “Muitas vezes às mulheres não se sentem confortáveis para falar sobre o assunto. Por isso, criamos um espaço de mulheres organizadas no DCE para incentivar o debate, é um grande passo”, conta a presidente. Thainá disse ainda que o DCE orientará a estudante a abrir um processo administrativo na ouvidoria da PUC contra o homem que cometeu o assédio. Ainda disse que o diretório tem câmeras e as imagens estarão disponíveis para as vítimas.

Sobre a circulação do agressor no DCE, Thainá explica. “Iremos ver o que pode ser feito para evitar que o aluno frequente o local. Ainda não sabemos como será a procedência, mas é uma possibilidade. Não temos como proibi-lo de circular pela PUC, mas pelo menos no DCE é algo possível”, completa.

Além de registrar um boletim de ocorrência junto à PM, Ana Luiza também conversou com o coordenador do curso dela, que prometeu ajudá-la a tomar as devidas providências. A PUC Minas foi procurada pelo Bhaz para se posicionar sobre o assunto. No entanto, não respondeu à demanda até o fechamento desta matéria.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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