Motorista de coletivo que atropelou e matou idosa fazia dupla função e empresa será processada

Foto ilustrativa: Karoline Barreto/CMBH

A família de uma idosa de 64 anos que morreu atropelada por um ônibus na Estação Diamante, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, na última terça-feira (18), processará a empresa Transmoreira. O principal argumento dos parentes é que a motorista realizava dupla função: dirigia e cobrava as passagens. O assunto volta à tona na mesma semana em que o prefeito Alexandre Kalil (PHS) trocou farpas com empresários sobre o tema.

Apesar do acidente ter ocorrido dentro da Estação Diamante, o coletivo não é do transporte público de BH, mas sim metropolitano, que realiza trajeto entre duas cidades. A idosa teve a perna esmagada após ser atingida pelo ônibus do qual desembarcava. “Faltou uma pessoa para olhar se todos os passageiros tinham descido. O veículo foi “arrancado” ainda com a porta aberta”, afirma ao BHAZ Viviane Oliveira, filha da vítima.

“Acho péssimo [os motoristas fazerem duas funções], pois atrasa as viagens, nem todas as pessoas usam cartão e falta um auxílio para o motorista saber como os passageiros estão, se eles já desceram, ou não, como foi com minha mãe”, critica.

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, Jair di Gregório (PP), faz coro às críticas. “Eles [os motoristas] estão trabalhando muito e estressando na mesma proporção. A pressão sobre eles está muito grande. Visitei a Estação Diamante assim que soube do ocorrido e encontrei ônibus sem agente de bordo”, opina o vereador, que foi ao enterro da idosa, na última quarta-feira.

‘Dentro da lei’

 

Procurada pelo BHAZ, a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) informou que a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) – nº 7824 – permite ao motorista de ônibus urbanos, metropolitanos e rodoviários a cobrar passagem.

Apesar dessa autorização, os motoristas não estão orientados a cobrar passagem e dirigir ao mesmo tempo. Quem realiza isso comete infração de trânsito, passível de sanções (multa e perda de pontos na carteira) estabelecidas pelo Código de Trânsito Brasileiro.

A reportagem entrou em contato com a Transmoreira e, assim que receber o retorno, atualizará este texto.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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