Pichação na Igreja da Pampulha: Nota pública aos professores pró-pixo da Fafich

A polêmica envolvendo a pichação na Igrejinha da Pampulha parece não acabar. Após a professora Regina Helena, do Departamento de História da UFMG, sair em defesa do ato de vandalismo, afirmando que a sociedade precisava enxergar o outro lado, e ser massacrada pela opinião pública, alguns professores e alunos da universidade fizeram uma carta de apoio à professora. Mas a mensagem desagradou muita gente – vários professores da UFMG manifestaram-se publicamente informando que aquela carta não os representava. Mas talvez a resposta mais completa partiu de um cidadão comum, veja:

Eu, cidadão comum, acompanhando os desdobramentos de sua atuação em relação à defesa da professora Regina Helena Alves da Silva, apoiadora da pixação da Igreja da Pampulha, venho tornar pública minha posição de pessoa alfabetizada e dotada de senso comum, esclarecendo que:

0) Não bastasse ter de juntar 45 professores para assinar uma Nota que tem como principal objetivo negar fatos translúcidos, ao falar em nome de “professores e professoras, alunos e alunas e funcionários e funcionárias da Universidade Federal de Minas Gerais” vocês cometem falsidade ideológica, falando em nome de quem não lhes deu autorização para tal e ludibriando, desde a primeira linha, o leitor de seu manifesto. Sugiro, da próxima vez, começarem com o tradicional “Nós, abaixo-assinados”, a introdução mais honesta para seu tipo preferido de produção intelectual.

1) Sua exigência de “prévio consentimento” para publicar um discurso público é irracional: a própria professora Regina Helena consentiu com a publicação de seu discurso no momento mesmo em que o tornou público — ela só não imaginava que, ao defender o crime, pessoas a associariam à criminalidade
Além disso, a Constituição Federal determina que o direito à livre manifestação proíbe o anonimato, responsabilizando o autor por sua fala, seja nas redes sociais, numa conversa telefônica ou do alto do palco.
Mas não deixa de ser irônico esse pedido por “prévio consentimento”, o que, em bom português, é um clamor pela censura prévia vindo de 25 professores do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais.

2) Se a professora Regina Helena é intelectual, respeitada e admirada, isso em nada muda o sentido de suas palavras: “sempre defendi que a pixação não é um ato de vandalismo (…) Enfim, eu olharia pra essa pixação muito mais como uma voz do dissenso do que um vandalismo (…) Enfim….. podem me detonar mas acho fundamental essa pixação pra sairmos da casinha…..”
Ocorre que a Sra. Regina Helena não é a lei, nem sua criadora nem sua executora, e sua opinião sobre o que é ou não é vandalismo tem, frente à lei que tipifica o crime, o valor de qualquer opinião: zero. Ademais, a lógica de toda sua argumentação baseia-se na crença — pouco modesta para ser dita com todas as letras — de que os gostos e posições dos intelectuais da FAFICH valem mais do que a Lei e a República. Mas não valem — e não há “engajamento corajoso” que justifique o relativismo presunçoso de querer colocar-se acima da lei.

3) Haver pessoas dedicadas à pesquisa da pixação significa, somente, que ela existe: há pessoas dedicadas à pesquisa do terrorismo, descrevendo-o nos mesmos termos: “forma especialmente utilizada por grupos sociais excluídos como forma de expressão de si e de causas políticas.”
O que é fato, e paira acima das opiniões, é o que a Sra. Regina disse: “acho fundamental essa pixação pra sairmos da casinha…..”, o que expressa claramente um juízo de valor, um posicionamento político contrário à legalidade, e está muito além da “compreensão” do fenômeno social.

4) Tentar legitimar a pixação como forma de arte é tática para desviar do assunto: a cirurgia é também uma arte, mas o cirurgião que sai por aí abrindo corpos contra a vontade de seus proprietários é um homicida.
Além disso, a justificativa do crime como arte é tão velha quanto a revolução: para ajudá-los em sua pesquisa devo alertá-los que, de acordo com as modernas teorias estéticas, TUDO É ARTE, contanto sirva aos propósitos da ideologia propagada pelo crítico/curador/pesquisador-bolsista.

5) Em face disso, reitero que as afirmações feitas pela professora são o que são, apologia ao crime, e que, independentemente de concordarem ou não com a Sra. Regina Helena, ao assinarem esta Nota de Apoio vocês atestam sua própria incompetência para entender os discursos mais óbvios e os fatos mais claros. Se não se trata de incompetência é ainda pior, e toda a Nota não passa da tentativa descarada de ludibriar a opinião pública.
Quem sabe ler entenderá que sua “posição em defesa de um debate honesto e verdadeiro” não passa de pose: um debate verdadeiro, neste caso, começaria por admitir os fatos, mas vocês não chegam sequer à honestidade mínima para iniciar o debate, pois só fizeram diminuir as vozes contrárias, chamando-as de analfabetas.
Centenas de pessoas entenderam que “acho fundamental essa pixação” é uma clara defesa do vandalismo; comecem por aí e admitam o fato: tenham, no mínimo, coragem.
Finalmente, se restam dúvidas sobre o fato de vocês serem “intelectuais públicos”, não há dúvida alguma de que, sim, vocês também são vândalos.

Vicente Pessôa
Belo Horizonte, 27 de março de 2016

Ao contrário da nota de apoio e dos comentários da professora, o post de Vicente Pessôa está público, podendo ser comentado e/ou compartilhado por qualquer pessoa.

 

NOTA PÚBLICA AOS PROFESSORES PRÓ-PIXO DA FAFICHEu, cidadão comum, acompanhando os desdobramentos de sua atuação em…

Posté par Eduardo Levy sur lundi 28 mars 2016

 

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