Cadê o verde? Imagens da situação atual da Praça da Liberdade assustam belo-horizontinos

Lucia Sebe/PBH + Reprodução/WhatsApp

Um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte, a Praça da Liberdade, na Zona Sul de capital, está fechado para obras há quase três meses e tem a previsão de ser reaberto apenas em novembro. Mas o espaço voltou a ser assunto nas redes sociais nos últimos dias, quando imagens da praça sem o verde habitual começaram a ser compartilhadas. A preocupação logo tomou conta de moradores, surpreendidos com o famoso ponto turístico estar mais marrom do que verde.

Mas o  que está acontecendo exatamente? O verde realmente tinha de se retirado? E será replantado? Antes, uma breve contextualização. A praça foi fechada no dia 29 de junho, quando começou a segunda etapa das obras. A reforma vai custar ao todo R$ 5,2 milhões e será realizada pela parceria entre o Governo do Estado, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e Vale.

Bom, a retirada da grama realmente estava prevista. O Bhaz cobriu o lançamento da nova etapa do projeto, em junho deste ano. A reunião contou com a participação do vice-prefeito, Paulo Lamac, da diretora do Iepha-MG, Michele Arroyo, e do representante da Vale, Rodrigo Amaral. No local, os representantes já haviam adiantado que parte das árvores seria retirada, e outras replantadas. A grama seria trocada por uma mais resistente para que os usuários circulassem nas áreas verdes.

“A população pode ficar tranquila, pois as características da praça estão sendo rigorosamente observadas. O Iepha-MG jamais permitiria uma intervenção que descaracterize esse patrimônio capital”, disse Lamac, à época, ao ser questionado sobre a polêmica retirada de árvores e do verde na praça.

Tinha de ser assim?

Mesmo assim, com a previsão inicial, as imagens realmente impressionam (veja abaixo). O Bhaz resolveu, então, apurar com os órgãos responsáveis – e também com um estudioso sobre o tema – sobre a atual situação da praça. Em nota, a PBH afirmou que “responde pela reformulação do sistema de iluminação da Praça da Liberdade”. “Vale e Iepha-MG são, portanto, responsáveis pela obra”, respondeu, por nota.

Já o Iepha-MG explicou que o conjunto das obras contempla a recuperação da iluminação e a restauração e revitalização paisagística. “A realização desta reforma é uma ação de procedimentos contínuos que visam promover a conservação dos componentes artísticos e da vegetação arbórea, arbustiva e ornamental que a compõe”, diz o instituto.

Reprodução/Twitter

O professor do Departamento de Botânica da UFMG, João Renato Stehman, é taxativo: é normal que a praça esteja com a atual aparência. “É um período de reformulação, onde as plantas rasteiras e de ornamentação, que são de fácil manejo, são retiradas e depois replantadas. Portanto, é normal que o solo seja removido e o resultado seja essa aparência, não há problemas nisso. A questão é que, realmente, causa um enorme impacto visual”, diz.

Ainda de acordo com o especialista, seria um problema se as árvores estivessem sendo retiradas. “Elas demoram mais a crescer e isso seria prejudicial para a praça. Contudo, o Ricardo Lana – autor do projeto de revitalização, leia mais abaixo – é um arquiteto conceituado e tende a respeitar os aspectos históricos do local, afinal é uma área tombada e, o que todos esperamos, é que o padrão da praça seja mantido”, afirma.

“Uma sugestão legal é que os responsáveis pela obra deixassem uma placa no local com a previsão de resultado da obra para que a população avalie”, sugere o professor.

Projeto

O projeto de restauração e revitalização paisagística da Praça da Liberdade foi desenvolvido pelo arquiteto Ricardo Samuel Lana, como afirmou João Renato Stehman, e teve aprovação do Iepha-MG, da PBH e dos Conselhos de Patrimônio Estadual e Municipal.

Henrique Coelho/Bhaz

A presidente Michele Arroyo explicou no lançamento da obra que toda a terra da praça seria trocada para uma nova e adubada. “Temos um grande projeto com intervenção de conservação tentando melhorar o uso da praça e que vai possibilitar a gestão de manutenção da praça”, disse.

Em nota, o Iepha-MG explicou que 30 mil espécies de vegetação arbórea, arbustiva e ornamental serão implantadas na praça, além de 6,1 mil m² de grama.

“Pretende-se que essa intervenção promova o relacionamento, em boas condições sanitárias, entre as diversas espécies dos jardins, bem como o seu desenvolvimento, de acordo com suas especificidades. A poda, dessa forma, cumpre o objetivo de supressão de galhos mortos, comprometidos por agentes patológicos, e considerados incompatíveis com a circulação humana ou que impeçam a insolação adequada para o equilíbrio e saúde da vegetação”, ressaltou o órgão.

Além disso, outras mudanças serão realizadas. “Serão viabilizados os serviços de recuperação de elementos artísticos, como a ninfa, pintura externa da base de alvenaria do coreto e reinstalação das placas de monumentos e manutenção do piso com as mesmas características do existente. Também integram esse conjunto de serviços à requalificação dos jardins e a substituição e melhoria do sistema de irrigação. Estão previstos o replantio de mudas, conforme plano de manejo, e a requalificação do sistema de bombeamento e estrutura das fontes”, diz o Iepha-MG.

O órgão resalta que até o momento as obras estão em ritmo normal, sem intercorrências e dentro do prazo de entrega, em novembro.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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