O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), aceitou a denúncia que pede a cassação do vereador Léo Burguês (União Brasil). O parlamentar foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de peculato, corrupção e mais.
Segundo Gabriel Azevedo, em 24 horas, o pedido ingressa na pauta da CMBH e poderá ser votado pelos 40 vereadores na quarta-feira (8). “Havendo 21 votos favoráveis ao pedido de cassação, abre-se o processo”, explicou durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (6).
Em seguida, três vereadores serão sorteados para compor uma comissão processante, que terá 90 dias para emitir um parecer. Depois disso, o parecer vai ao plenário, e se houver 28 votos pela cassação, Léo Burguês perde o mandato e os direitos políticos por oito anos.
O pedido de cassação do mandato de Léo Burguês foi entregue por um advogado, na última segunda-feira (30). No documento, o autor pede a “verificação da quebra de decoro parlamentar pela prática de atos absolutamente incompatíveis com a dignidade do cargo parlamentar e a imagem pública desta casa”.
O pedido destaca oito pontos que justificam a cassação do vereador. Entre as acusações, consta que o vereador teria utilizado “parte do salário de servidores do gabinete para o pagamento de despesas pessoais”.
Corrupção na CMBH
Ainda na entrevista coletiva, Gabriel Azevedo disse querer colocar um “ponto final” na corrupção dentro da Câmara Municipal de BH.
“Esta é uma casa com parlamentares que trabalham muito pela cidade, que levam muito a sério a ética, transparência e respeito às instituições. O cesto inteiro não vai ser prejudicado por uma maçã podre”, afirmou o presidente da casa.
Ele ainda disse que a Corregedoria da CMBH solicitou explicações a Léo Burguês já que, segundo Gabriel, o vereador teria participado de um campeonato de pôquer na última sexta-feira (3) enquanto os outros parlamentares estavam na Câmara.
O corregedor também estendeu o prazo, de 5 para 15 dias, para que o vereador se posicione a respeito do indiciamento. “Ou seja, há neste momento duas ações acontecendo contra o vereador na Câmara Municipal. Uma acaba de ser aceita por mim, e o corregedor abriu o prazo de mais 15 dias”, completou Gabriel Azevedo.
Indiciamento
O vereador de Léo Burguês e outras seis pessoas foram indiciados pelos “crimes de peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, advocacia administrativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa”. A Polícia Civil concluiu o inquérito em janeiro, após uma investigação que se iniciou em 2019.
No dia 25 de agosto de 2020, a Polícia Civil informou que investigava desde o ano anterior o envolvimento de Léo Burguês em um esquema criminoso de “rachadinha”, contratação de funcionários fantasmas e corrupção.
À época, o delegado Marcus Vinícius Lobo Leite, chefe da 1ª Draco (Delegacia de Repressão a Organizações Criminosas), informou que assessores que trabalhavam na CMBH também eram investigados.
Naquela data, a corporação cumpriu 19 mandados de busca e apreensão no gabinete do vereador e em outros pontos em vários bairros de Belo Horizonte e região metropolitana. Os policiais recolheram computadores, pen drives, documentos e outras mídias.
Ao chegar de surpresa na Câmara na última segunda-feira, durante entrevista concedida pelo presidente da casa, Léo Burguês afirmou que o vazamento do relatório da Polícia Civil é ilegal.
“Lamento que tudo isso esteja acontecendo por um crime por parte da autoridade policial, um procedimento que está em segredo de justiça é vazado para toda a imprensa de maneira a atacar minha honra, atacar minha família, atacar meu mandato”, disse.