Sem barracas, pequeno grupo de bolsonaristas se reúne em calçada na Raja Gabaglia

Manifestação na Raja Gabaglia
Avenida amanheceu vazia neste sábado, com cerca de 20 pessoas (Asafe Alcântara/BHAZ)

Após operação da Prefeitura de Belo Horizonte, que removeu as barracas e os materiais dos militantes bolsonaristas na Raja Gabaglia, nessa sexta-feira (7), um pequeno grupo se reúne em frente ao Comando da 4º Região Militar do Exército. A avenida amanheceu vazia neste sábado (7), com cerca de 20 pessoas apenas na calçada.

O desmonte do acampamento, segundo a PBH, foi motivado por irregularidades, como “gatos” de energia elétrica no local. O prefeito Fuad Noman (PSD) acrescentou que a operação também foi teve base em uma “escalada de violência, ocorrida com a intolerável agressão a um jornalista no exercício de suas funções”, na quinta-feira (6).

Vídeos publicados nas redes sociais mostram que dezenas de manifestantes retornaram à Raja na noite de ontem após o recolhimento dos materiais que obstruíam a via. Durante a operação, eles chegaram a tentar bloquear os caminhões com o equipamento coletado, sem sucesso.

Apesar das tentativas de nova mobilização no local, imagens feitas pela equipe do BHAZ nesta manhã mostram que a avenida não está obstruída e, no local, poucos militantes se concentram na calçada. Uma viatura da Guarda Municipal atua no local.

Procurada neste sábado, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que, neste momento, “não vai intervir em manifestações, mas vai atuar no caso de colocação de equipamentos sem o devido licenciamento”.

Informações do monitoramento do Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH) também confirmam que nenhuma faixa da Raja Gabaglia está com o trânsito interditado.

Direito de manifestação

O militante Esdras Jonatas dos Santos, que aparece chorando em vídeos durante a operação da Guarda Municipal, acionou a Justiça ainda ontem pelo direito de voltar a se manifestar na Raja Gabaglia e pela devolução do material apreendido.

No processo, ele argumentou que “estava acampado […] para manifestar de maneira pacífica e ordeira; que o acampamento começou a ser desmoronado pela Guarda Municipal de Belo Horizonte, com a destruição de bens de manifestantes sem nenhum aviso prévio, de forma completamente agressiva e truculenta”.

Esdras dos Santos ainda requereu gratuidade das custas processuais, “uma vez que é hipossuficiente nos termos da lei e não possui condições de arcar com as despesas processuais sem obter prejuízo de seu próprio sustento e de sua família”.

A PGM (Procuradoria-Geral do Município) de BH se manifestou citando uma medida do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O texto prevê a desobstrução de vias públicas “para impedir, inclusive nos acostamentos, calçadas, logradouros públicos, a ocupação, a obstrução ou a imposição de dificuldade ao acesso a vias e prédios públicos”.

O procurador Caio Perona, da PGM, também contestou o pedido de gratuidade de custas processuais, argumentando que um vídeo publicado pelo próprio manifestante nas redes sociais mostra que ele chegou à avenida em um carro da marca Porsche.

Na noite de ontem, o juiz Wauner Batista Ferreira Machado concedeu a liminar argumentando que “é livre a manifestação do pensamento, em local público, de forma coletiva, sem restrições e censura prévia, respeitadas as vedações previstas, sob a responsabilidade dos indivíduos pelo excesso”.

Já na manhã deste sábado, a prefeitura ajuizou uma reclamação constitucional com pedido de medida liminar, sustentando que a decisão judicial é uma “afronta à autoridade do Supremo Tribunal Federal”.

Segundo a procuradoria, o pedido de mandado de segurança “nem sequer poderia ter sido apreciado pela Justiça de primeira instância, mas apenas pelo próprio STF”. O documento requer a suspensão da decisão que concedeu a liminar para Esdras Jonatas dos Santos.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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