Após Milton Nascimento e Skank, Sepultura, outro filho de Santa Tereza, se despede

sepultura
A casa dos Cavalera era palco de reuniões de metaleiros do Brasil inteiro

Dores do Indaiá, número 267. A casa onde moravam os irmãos Max e Iggor na adolescência, no boêmio bairro de Belo Horizonte, explica, em parte, o sucesso da banda. Não o imóvel em si, mas tudo o que eles viveram naquele local.

A casa dos Cavalera era palco de reuniões de metaleiros do Brasil inteiro, jovens que vinham tocar na cena metal de Belo Horizonte e apareciam por lá para ensaiar.

Outro vizinho, Paulo Xisto, também integrante da formação original, era morador do bairro e os pais aceitavam que os “camisas pretas” ensaiassem no local, na rua Pouso Alegre.

Mas o QG do Sepultura era mesmo a casa dos Cavalera. Jairo Guedes, baixista da formação original, havia sido substituído pelo paulista Andreas Kisser, que teve que ir morar na casa da família Cavalera, com o consentimento da viúva Vânia, mãe dos irmãos e principal incentivadora da banda, desde os shows para cinco pessoas.

Andreas não foi o único a ir morar no Santa Tereza. João Gordo e outros do Ratos de Porão também moraram por um tempo na casa da Dores do Indaiá, em 1987, quando o Sepultura já havia lançado seus dois primeiros discos. Por lá, também passaram os integrantes do Faith No More e de muitas outras bandas.

Entre partidas de WAR regados a Tubaína, ela tentava minimamente disciplinar aqueles adolescentes. “Uma vez uma camisa preta bebeu no show e vomitou no meu tapete. Levei-a para o quintal, mostrei a mangueira e o sabão e a fiz lavar”, disse Vânia em entrevista à Trip.

A casa já não existe mais. Deu lugar a um prédio.

A casa ficava a dois quarteirões de outra esquina emblemática para a música brasileira, o encontro das ruas Paraisópolis e Divinópolis, marco do Clube da Esquina. Hoje, a esquina é marcada por uma placa que conta um pouco os passos do movimento, enquanto a dez passos dali encontra-se o Bar e Museu do Clube da Esquina.

Milton Nascimento, os irmãos Borges, Lô e Marilton, a família Brant, capitaneada por Fernando, e tantos outros integrantes do Clube da Esquina e os metaleiros do Sepultura não são os únicos a terem surgido em Santa Tereza.

Era numa casa na Rua Tenente Vitorino que morava Henrique Portugal, tecladista do Skank. O espaço seria também palco dos primeiros ensaios da banda, e, em comum, todos se reuniam no tradicional Bolão, um bar e restaurante localizado a alguns passos dali na Praça Duque de Caxias, ou Praça de Santa Tereza, como é mais conhecida.

Coincidência: Milton Nascimento se despediu dos palcos recentemente. Na sequência, foi a vez de o Skank percorrer o Brasil em turnê para também por ponto-final na banda. Agora chegou a vez do Sepultura, que, mesmo sem Max e Iggor, se despede. Que venham as próximas gerações.

Pedro Rocha Franco[email protected]

Pedro Rocha Franco é jornalista desde 2007 e estudante de ciências sociais. Foi repórter do jornal Estado de Minas, editor do portal O Tempo e head de digital da Itatiaia. Hoje é gerente executivo do BHAZ. Além disso, colaborou com UOL e Repórter Brasil.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!