Taxa de coronavírus nos esgotos segue alta e estima até 290 mil infecções em BH

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Estudo analisa amostras coletadas nas bacias do Arrudas e do Onça (Moisés Teodoro/BHAZ)

A taxa de coronavírus detectada nos esgotos de Belo Horizonte continua alcançando índices alarmantes. Neste mês, a carga viral – quantidade de cópias do vírus detectadas nas amostras – chegou a bater a marca de 26 trilhões por dia, número 45% maior do que o registrado em julho de 2020, um dos meses mais críticos da pandemia na capital no que se refere à demanda no sistema de saúde. As análises são realizadas pelo projeto-piloto Monitoramento Covid Esgotos, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

De acordo com o boletim mais recente, divulgado nessa sexta-feira (20), a carga viral em Belo Horizonte está em patamar semelhante ao das semanas epidemiológicas 5 e 6 de monitoramento – que correspondem ao período de 1º a 12 de fevereiro deste ano -, quando foram registradas 28 trilhões de cópias do vírus. No mesmo período de março, a quantidade de cópias variou entre aproximadamente 7 e 26 trilhões por dia.

Levando em conta a metodologia mais atualizada do projeto, a estimativa da população infectada passa a ser considerada por faixas mínima, média e máxima. Com isso, o último boletim estima que a população total infectada na capital seja respectivamente de 160, 215 e 290 mil pessoas com base nas faixas. Para efeito de comparação, o informativo anterior estimou a população infectada mínima, média e máxima nos patamares de 150, 200 e 270 mil pessoas.

Pior período

Ao que indica a análise das amostras coletadas pelo projeto da UFMG, 2021 tem ainda mais preocupante do que o primeiro ano da pandemia. Antes dos índices mais recentes, a capital já havia registrado uma alta assustadora da carga viral do coronavírus nos esgotos. Apenas um mês atrás, a taxa do vírus chegou a quase 30 trilhões de cópias por dia – quase o dobro do registrado no período tido como o mais crítico até então.

Os índices registrados em fevereiro só ficam atrás do que a pesquisa apurou entre os dias 21 e 25 de dezembro, quando foi registrada a maior carga desde o início da pandemia. Com base nesses números, a estimativa é de que cerca de 250 mil pessoas estavam contaminadas na segunda semana epidemiológica deste ano.

Dinâmica de circulação

O projeto-piloto Monitoramento Covid Esgotos observa a presença do novo coronavírus nas amostras de esgoto coletadas em diferentes pontos do sistema de esgotamento sanitário das cidades de Belo Horizonte e Contagem, inseridos nas bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e Onça.

O trabalho é fruto de parceria da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o INCT ETEs Sustentáveis, sediado na UFMG. Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus nas diferentes regiões analisadas para entender a prevalência e a dinâmica de circulação do vírus.

Os pesquisadores participantes no estudo reforçam que não há evidências da transmissão do vírus através das fezes (transmissão feco-oral) e que o objetivo da pesquisa é mapear os esgotos para indicar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos a partir do esgoto como uma ferramenta de aviso precoce para novos surtos, por exemplo.

O projeto conta com o apoio da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) e do Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas).

Com UFMG

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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