Polícia investiga se assassinato de travesti foi motivado por política; Brasil teve 445 mortes por homofobia em 2017

Foto ilustrativa do Largo do Arouche, no Centro de São Paulo (Rovena Rosa/Agência Brasil)

A morte de um travesti na região do Largo do Arouche, no centro de São Paulo, é investigada pelo 3º Distrito Policial de São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) fez a perícia no local do crime onde começaram as agressões. Há indícios de que a morte tenha sido provocada por intolerância política e divergências ideológicas.

Pesquisa nacional feita pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) mostra que o assassinato de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) no Brasil cresceu 30% em 2017 na comparação com o ano anterior.

Foram registradas 445 mortes motivadas por homofobia no ano passado, no país. O monitoramento anual é feito há 38 anos pelo GGB. A pesquisa do grupo baiano mostra também que 56% dos episódios ocorreram em vias públicas e que a prática mais comum com travestis é o assassinato na rua a tiros ou por espancamento.

No caso do travesti em São Paulo, a Secretaria de Segurança Pública não informou se crime de ódio ou homicídio relacionado a brigas políticas são linhas de investigação do caso. À Agência Brasil, uma testemunha disse ter ouvido os agressores gritarem palavras em apoio ao candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro. O caso ocorreu na madrugada dessa terça-feira (16).

“Eu ouvi uma briga, gritos de xingamento. Vários gritos de agressão contra a identidade travesti da vítima. E também um que ficou muito claro na minha cabeça: que ‘v…’ tem que morrer. Bolsonaro era citado algumas vezes durante essa gritaria”, relatou.

Segundo a SSP-SP, serão ouvidas testemunhas e feitas diligências para localizar imagens de câmeras de segurança que possam identificar a autoria do crime. A testemunha disse que a vítima ainda não foi identificada por causa dos ferimentos e também pela ausência de documentos.

“ONGs [organizações não governamentais] estão indo lá no IML [Instituto Médico Legal] para ver se é alguém que tenha passado por atendimento. É muito comum travestis serem enterrados como indigente”, acrescentou a testemunha.

Multa por agressão homofóbica

A Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania condenou cinco jovens acusados de agressões por discriminação homofóbica, ocorrida na Avenida Paulista, em 2010. Cada um deles foi condenado a pagar uma multa de 1 mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo – o que corresponde a R$ 25,7 mil.

Na madrugada e manhã de 14 de novembro de 2010, cinco jovens, à época adolescentes, protagonizaram cenas de violência por discriminação homofóbica. Em uma delas, um rapaz foi agredido violentamente em seu rosto com bastões de lâmpada fluorescente, além de ter sofrido ataques com socos e chutes. Em 14 de dezembro de 2010, a vítima e o vigia que o socorreu prestaram depoimento à Secretaria do Estado de Justiça e Defesa da Cidadania.

Da Agência Brasil

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