As obras do memorial em homenagem às vítimas do incêndio na Boate Kiss devem começar ainda em 2023, dez anos depois da tragédia, sem data definida. A promessa foi feita na noite dessa sexta-feira (28) pelo prefeito da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Jorge Pozzobom (PSDB).
O incêndio na Boate Kiss voltou a ser assunto nos últimos dias após a estreia da série “Todo Dia A Mesma Noite”, da Netflix.
A obra é baseada no livro de mesmo nome da jornalista Daniela Arbex, no qual ela reconta a história pela perspectiva de sobreviventes, familiares de vítimas, socorristas e equipe médica que atuou no dia da tragédia (leia mais abaixo).
Memorial
O prefeito da cidade assinou termo de compromisso com o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Gabriel Rovadoschi, para a construção do memorial.
O documento, no entanto, não estabelece uma data para começar a construção, mas Pozzobom reafirmou que haverá comprometimento na realização da obra.
“Com todas as pessoas daqui de Santa Maria enquanto cidadãos e que merecem receber este espaço de memória, no tempo em que isso for possível, mas que também vai servir, a depender do tempo, como memorial da justiça ou memorial à impunidade”, disse.
O custo previsto da obra é de R$ 4 milhões. As fontes de financiamento devem vir do governo do estado e da prefeitura. O prefeito já se encontrou com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) para apresentar o projeto.
O tempo de execução da obra deve ficar entre 12 e 18 meses, segundo o vice-prefeito, Rodrigo Décimo, que vai coordenar a construção. O projeto foi aprovado em 2017 num concurso e até hoje espera para se tornar realidade.
O presidente da Associação de Familiares de Vítimas, destacou a importância da entrega do memorial. “O que é mais importante é o compromisso absoluto que nós vamos fazer um memorial. Isso está garantido. Esse termo que nós recebemos hoje é um simbolismo que nós vamos fazer esse memorial”, disse.
‘Todo Dia A Mesma Noite’
A série “Todo Dia A Mesma Noite” reconstrói o que aconteceu em Santa Maria no dia 27 de janeiro de 2013, quando um incêndio na Boate Kiss matou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos.
A obra não é documental, e atores representam os jovens, os familiares e os amigos que viveram toda a tragédia há dez anos. Os episódios acompanham, partindo do incêndio, as histórias dos envolvidos por meio de vários pontos de vista.
O luto é um dos pontos principais da produção, que retrata as consequências da tragédia para aqueles que sobreviveram e os que perderam filhos, amigos e irmãos. A série também traz detalhes sobre o julgamento dos envolvidos.
Incêndio na Boate Kiss
O drama da Boate Kiss começou por volta de três horas da manhã do dia 27 de janeiro de 2013, quando o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, acendeu um objeto pirotécnico dentro da boate.
A espuma do teto foi atingida por fagulhas e começou a queimar. A fumaça tóxica fazia as pessoas desmaiarem em segundos. O local estava superlotado, não tinha equipamentos para combater o fogo, nem saídas de emergência suficientes.
Morreram pessoas que não conseguiram sair e outras que tinham saído, mas voltaram para ajudar. Além da falta de sinalização, quem tentava sair esbarrava nos guarda corpos que serviam para direcionar as pessoas ao caixa da boate.
Os sócios da boate Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann; o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos; e o auxiliar Luciano Bonilha Leão foram acusados de homicídio pelo Ministério Público do Estado (MPE).
Em 2021, eles foram condenados pelo Tribunal do Júri a penas de 18 a 22 anos de prisão. Sob o argumento de descumprimento de regras na formação do Conselho de Sentença, o Tribunal de Justiça do estado anulou a sentença e revogou a prisão em agosto do ano passado. O MPE recorreu da decisão.
Com Agência Brasil
