O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR) se pronunciaram para justificar os altos gastos do presidente com o cartão corporativo. As explicações vieram em resposta à reportagem da Folha de S. Paulo, publicada nesse domingo (10), que revelou que Bolsonaro gasta, em média, R$ 709,6 mil por mês no cartão.
Segundo a reportagem, o valor representa uma alta de 60% em relação ao governo de Michel Temer, que tinha uma média de gastos de R$ 441,3 mil por mês, e um aumento de 3% em comparação com os gastos de Dilma Rousseff, que gastava cerca de R$ 686,5 mil por mês.
Em fevereiro, foi registrada a maior despesa mensal já lançada no Portal: R$ 1,9 milhão em um único mês. O valor foi registrado no sistema em março, sem que a finalidade da despesa fosse informada. O recorde anterior era de Dilma, em outubro de 2014, quando gastou R$ 1,6 milhão.
A Folha teve acesso aos valores através do Portal da Transparência do governo federal, que reúne informações de 2013 a março de 2020, mas que não detalha os gastos. Em resposta à reportagem, a SGPR explicou que o número de familiares do presidente, maior do que o dos antecessores, é uma das justificativas para os gastos.
Resgate de brasileiros na China
Saindo do Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (11), Jair Bolsonaro conversou com apoiadores, atacou a imprensa e justificou os valores divulgados pela reportagem.
“A imprensa, como sempre, criticando o cartão corporativo. Parte de três aviões da Força Aérea que foram para a China, buscar os brasileiros que estavam lá, foi financiada com o cartão corporativo. Falta de caráter, irresponsabilidade dessa imprensa”, afirmou o presidente.
Em resposta à Folha, o Palácio do Planalto também havia incluído os voos para a China como justificativa para os gastos. Em fevereiro, foram resgatados 34 brasileiros que estavam na cidade de Wuhan, na China, onde foram registrados os primeiros casos de Covid-19.
Os detalhes dos gastos com o cartão corporativo são sigilosos e não são informados no Portal da Transparência. Ele é usado, entre outras razões, para prestação de serviços, abastecimento de veículos oficiais, para pagar a operação de segurança do presidente em viagens, e para a manutenção e realização de eventos no Palácio da Alvorada.
‘A mamata acabou’
A divulgação dos valores dividiu, mais uma vez, os brasileiros: enquanto parte da população mostrou sua indignação com os altos gastos, apoiadores de Jair Bolsonaro criticaram a mídia por divulgar a informação, defenderam o presidente e alegaram se tratar de “fake news”.
“Sinceramente,vcs não podem ser chamados de jornalistas nem aqui e nem na China! Aliás uma correção! Na China pode!! Eles são do time de vcs!”, escreveu um apoiador no Twitter, criticando a imprensa.
Parte dos usuários da rede social ironizou a frase “a mamata acabou”, usada na campanha de Bolsonaro, para provocar os apoiadores. “Bolsonaro gastou R$ 3,8 milhões com o cartão corporativo entre janeiro e abril deste ano. Isso representa o DOBRO do gasto médio dos últimos 5 anos. Ainda bem que a mamata acabou né?”, postou um internauta.
Bolsonaro gastou 3,8 milhões do cartão corporativo entre janeiro e abril.
— Florisvaldo Raimundo (@Florisrs) May 10, 2020
Ufa, ainda bem que tiraram o PT e a mata acabou.
Manchete: “Gasto médio do PR com cartão corporativo é superior aos Governos do PT”.
— Major Fabiana (@majorfabianadep) May 11, 2020
A pegadinha: parte das três missões para repatriar brasileiros que estavam na China, com os aviões da FAB, foi paga com os cartões.
Mídia nojenta!
mas o importante é que ele desligou o aquecedor solar da piscina e não deixou o Inmetro trocar os taxímetros: MITO!
— Henrique Oliveira (@henrisilvaolive) May 10, 2020
folha sem credibilidade, não tem algo mais relevante? mídia podre
— Marília Esteves (@MarliaEsteves2) May 10, 2020
Tudo bem, só usar uma caneta bic, tirar foto comendo numa mesa emporcalhada usando camisa de time que gado acredita que ele é “gente como a gente”.
— Juliana (@ajulysantos) May 10, 2020
Mesmo assim são milhões de vezes menos do q os roubos do PT, PSDB etc.
— Ana (@barros432) May 10, 2020