Bolsonaro diz que se sentirá ‘violentado’ se tiver que apresentar exames da Covid-19

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O presidente pode ser judicialmente obrigado a apresentar os resultados dos exames (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Apesar de afirmar que não testou positivo para o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem sendo pressionado a mostrar o resultado dos exames para provar suas afirmações. Ele declarou, nesta quinta-feira (30), que vai se sentir “violentado” se for obrigado judicialmente a mostrar o laudo.

Na segunda-feira (27), o jornal O Estado de S. Paulo conseguiu na Justiça o direito de obter os testes de Covid-19 feitos por Bolsonaro. A juíza do caso deu o prazo de 48 horas, sob pena de multa de R$ 5 mil, para que Bolsonaro forneça “o laudo de todos os exames”.

“Você sabe que se nós dois [ele e o repórter] tivermos com uma doença grave nós não somos obrigados a divulgar o laudo. Isso é uma lei. E a lei vale pra todo mundo, tá ok? A AGU ( Advocacia-Geral da União ) deve ter recorrido, e se nós perdermos o recurso, daí vai ser apresentado. E vou me sentir violentado. A lei vale para o presidente e para o mais humilde cidadão brasileiro”, declarou Bolsonaro.

Em entrevista à Rádio Guaíba, nesta manhã, o presidente reforçou que, caso perca o recurso movido pela AGU, ele irá divulgar os documentos. Apesar de garantir que os resultados são negativos, o presidente classifica os exames como “sigilosos”.

Na entrevista, o mandatário minimizou os efeitos da doença e disse: “Eu talvez já tenha pegado esse vírus no passado e nem senti”. Ele também afirmou que usa nomes fantasia para realizar pedidos de exames e receitas, para se proteger contra ameaças.

“Sou uma pessoa conhecida para o bem ou para o mal. Quando fui medicado, coloquei nome fantasia porque na ponta da linha está um ser humano, não se sabe o que pode ser feito se alguém souber que é Jair Bolsonaro”, explicou à rádio.

Viagem aos Estados Unidos

O motivo da desconfiança geral com relação aos resultados dos exames do presidente é sua visita aos Estados Unidos. No início de março, Bolsonaro viajou com uma comitiva ao país e, ao retornar, ao menos 22 pessoas da equipe receberam o diagnóstico positivo para a Covid-19.

O Chefe do Executivo fez o primeiro teste no dia 12, depois que o exame do secretário de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, ter dado positivo. O segundo foi feito no dia 17 de março e, segundo Bolsonaro, também deu negativo para o novo coronavírus.

Desde então, ele sai às ruas, participa de manifestações com aglomeração de pessoas e faz contato físico com apoiadores, ao contrário do que recomenda a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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