A microbiologista e escritora Natalia Pasternak, primeira brasileira a integrar o Comitê para Investigação Cética, se indignou ao vivo durante o programa Jornal da Cultura, da TV Cultura, exibido no último sábado (26). Natalia foi convidada para participar do jornal e se revoltou com uma matéria de comportamento que abordava as maneiras de lidar com pessoas que se recusam a usar máscara.
A reportagem falava sobre a mudança de hábito durante a pandemia, e do cansaço do brasileiro com as regras essenciais para interromper a contaminação pelo vírus. Durante a matéria, os entrevistados falaram do constrangimento em “corrigir” as pessoas que usam a máscara de proteção de forma incorreta, ou ignoram as restrições necessárias para o combate à pandemia. A reportagem também reforçava que os brasileiros deveriam agir de forma “leve” para lidar com essa situação.
No entanto, ao final da reportagem, a microbiologista se irritou e perdeu a paciência com o tema tratado com “leveza”, e relembrou a quantidade de pessoas que morreram pela contaminação do vírus. “Eu tô um pouco passada com o que escutei agora. Eu escutei humor, leveza e evitar o estresse. Então eu não posso falar pro outro fazer a coisa certa porque eu vou ficar estressado e pode se ofender?”, comentou Natalia Pasternak.
A @TaschnerNatalia mandando umas verdades durante o @jornal_cultura. #covid19 #coronavirus pic.twitter.com/EclZkidi1I
— Leonardo (@leoaraujopp) December 27, 2020
‘Tem gente morrendo’
A especialista mostrou claramente sua indignação com a matéria e continuou: “Eu tenho que tratar isso com leveza e humor? Tem gente morrendo! Não tem humor, não tem leveza. Eu não tenho que pedir permissão ao outro para dizer que ele tem que usar máscara, fazer a coisa certa e tomar vergonha na cara porque ele vai matar alguém. Desculpe eu me exaltar, mas eu acho que realmente poucas vezes eu vi uma reportagem tão inoportuna como vi agora”, diz.
O vídeo rapidamente tomou as redes sociais e levantou comentários a favor da especialista. No Twitter, a deputada federal Benedita da Silva (PT) apoiou o desabafo ao vivo e disse: “A reação no Jornal da Cultura é uma coisa que a gente tem vontade de fazer no dia-a-dia, contra os negacionistas da Covid-19”. Outros internautas parabenizaram Natalia “pela excelente participação no Jornal da Cultura”.
Minha gente, quem faz este desabafo é uma cientista brasileira, a microbiologista Natália Pasternak Taschner, presidente do Instituto Questão de Ciência. A reação no Jornal da Cultura é uma coisa que a gente tem vontade de fazer no dia-a-dia, contra os negacionistas da Covid-19. https://t.co/PYsSGeDDyu
— Benedita da Silva (@dasilvabenedita) December 27, 2020
#jornaldacultura
— Maria Cristina (@mcrisambar) December 27, 2020
Parabéns a Natália Pasternak pela excelente participação no Jornal da Cultura em 26/12. Quando o comportamento do outro pode nos matar ou ao próximo, não temos que ser complacentes.
Se a comunidade científica TODA fosse atuante e incisiva como a Natalia Pasternak a gente não teria chegado na situação que chegou
— a criação de vini o pão (@obiniciu) December 27, 2020
Natalia Pasternak foi a voz cansada e revoltada de todos nós que, exaustivamente, tentamos levar a seriedade necessária sobre a Covid-19 às pessoas que insistem em falar de humor como reação ao negacionismo. Parabéns, @TaschnerNatalia.
— Marco Buzetto ☀️? (@MarcoBuzetto) December 27, 2020
191 mil mortes por Covid
Segundo o consórcio de veículos de imprensa divulgado ontem (27), a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, o Brasil teve 331 mortes pela Covid-19 nas últimas 24h, chegando ao total de 191.146 óbitos desde o começo da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 625. A variação foi de -4% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de estabilidade nos óbitos pela doença.
Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 7.481.400 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 16.472 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos sete dias foi de 34.864 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação negativa de 19% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de queda nos diagnósticos.
