Covid-19: Queiroga volta a minimizar importância da vacinação de crianças ao dizer que não há urgência

Queiroga
Ministro já havia dito que ‘a pressa é inimiga da perfeição’ quando questionado sobre a vacinação infantil (Marcos Corrêa/PR)

Mais uma vez, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, minimizou a importância de vacinar as crianças contra a Covid-19 ao dizer que a ação “não implica decisões emergenciais”. A declaração foi feita nesta quinta-feira (23) em conversa com a imprensa, segundo o Metrópoles.

O ministro argumentou que as mortes de crianças provocadas pela Covid-19 não são altas e, por isso, imunizá-las não é urgente. Na segunda-feira (20), Queiroga já havia dito que “a pressa é inimiga da perfeição” quando questionado sobre a vacinação infantil.

“Os óbitos de crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica decisões emergenciais. Ou seja, isso favorece que o ministério possa tomar uma decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade”, disse ele hoje.

O ministro da Saúde ainda afirmou que há “conflitos de interesse” em relação à liberação do imunizante da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos.

A falta de urgência de Queiroga vai contra orientações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-COVID), das sociedades brasileiras de Imunizações, Pediatria e Infectologia, e do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), que recomendam o início da vacinação de crianças contra a Covid-19.

Consulta pública

Ainda hoje, o governo federal abriria uma consulta pública sobre a vacinação de crianças contra a Covid-19. A determinação foi publicada nessa quarta-feira (22) no Diário Oficial da União (DOU), e, segundo o documento, as contribuições devem ser “devidamente fundamentadas”.

Segundo a determinação, a consulta seria disponibilizada no site do Ministério da Saúde, mas, até o final desta tarde, as informações ainda não estavam na página.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, na última semana, a aplicação da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Segundo Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos da Anvisa, a decisão foi tomada com base na “totalidade das evidências científicas disponíveis”.

Ontem, a agência divulgou os pareceres públicos completos de aprovação da vacina para crianças. Leia aqui o PPAM (parecer público de avaliação de medicamentos) e aqui o Parecer Técnico PGR (plano de gerenciamento de riscos).

‘Pressa é inimiga da perfeição’

Na manhã de segunda-feira, Marcelo Queiroga declarou que não pretende acelerar o processo de vacinação de crianças contra a Covid-19, revelando que os pais terão uma resposta do governo somente quando for o momento certo.

Em declaração à Globo News, Queiroga disse que “a pressa é inimiga da perfeição”, ressaltando que a prioridade do Ministério da Saúde, no atual momento, é aplicar doses de reforço contra a Covid-19 no restante da população.

“O principal é a segurança. No ano de 2021, considerando o pico, crianças de 5 a 11 anos [foram] menos de 150 óbitos. Não que esteja menosprezando, cada vida é importante”, disse o ministro.

Questionado sobre o prazo de início da imunização de crianças entre 5 e 11 anos, Queiroga afirmou também que a decisão está atrelada ao que for firmado em contrato com a Pfizer.

Edição: Vitor Fernandes
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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