Curto-circuito: Sobrecarga em celulares acende alerta para explosões e choques elétricos; como evitar?

Em 2021, foram registrados 47 acidentes elétricos com celulares
Em 2021, foram registrados 47 acidentes elétricos com celulares (Divulgação/CBMMG/+Reprodução/TV Verdes Mares)

Você certamente se surpreendeu, em algum momento, diante de casos de celulares que deram início a incêndios, provocaram choques elétricos nos usuários ou até mesmo explodiram enquanto eram utilizados. Uma mulher de 30 anos e o filho dela, 2, morreram em um incêndio ontem (21) em São Domingos, Goiás. Vizinhos apontam que um celular carregando pode ter provocado as chamas na casa. No início do mês, um apartamento pegou fogo na Savassi, em BH, e um celular também foi apontado, desta vez pela própria moradora, como o responsável pelo incêndio. Tais acidentes podem ser evitados, mas como?

De acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica, produzido pela Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), no ano passado, foram constatados 47 acidentes de origem elétrica com o celular no Brasil. Desses, 37 foram choques, sendo 16 fatais, e 10 foram incêndios, com 1 vítima fatal. Além disso, entre os anos de 2018 e 2021, foram registrados 228 acidentes com celulares que causaram 78 óbitos no país.

Esses acidentes podem ter diversas causas envolvidas com falhas técnicas. Segundo o engenheiro eletricista e Gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da Cemig, João José Magalhães Soares, os incêndios podem ocorrer enquanto o celular está carregando na tomada. “Normalmente isso acontece quando tem um curto-circuito na bateria. Ocorreu um problema no carregador e ele mandou uma tensão para o celular maior do que [o aparelho] suporta. Com esse curto circuito, [o aparelho] sobreaquece e pega fogo”.

Os choques ocasionados pelos aparelhos também ocorrem durante o carregamento. “Quando cai um raio próximo a uma residência, ou em qualquer lugar, esse raio induz uma sobre tensão nas redes da Cemig e nas residências. A Cemig possui o para raio, mas a residência nem sempre tem. Isso causa a sobre tensão”, explica o engenheiro.

Soares explica que o risco é muito maior quando o usuário utiliza o aparelho enquanto está ligado na tomada. “A bateria não tem potência para causar um dano tão grande na condição normal. Em todos os casos que conheço, [o aparelho] estava conectado em uma tomada e durante o carregamento que a bateria explodiu”, explica.

Explosões de bateria

O especialista explica que o primeiro sinal de que o aparelho pode precisar de manutenção é o superaquecimento da bateria. “Quando ela começa a aquecer demais é sinal de que tem algum problema”, diz.

Quanto maior o tempo de uso da bateria, maior a necessidade de carga por dia. Isso ocorre por conta da vida útil do aparelho. Assim, quando a bateria demanda mais carregamento por dia, é quando as pessoas passam a utiliza-la mais ligada na tomada e quando os riscos são maiores.

“Quando [o aparelho] está esquentando existe um problema na bateria e a qualquer momento ela pode explodir ou ferver e começar um incêndio. Se ela estiver em cima de um local inflamável, por exemplo, aquele local vai pegar fogo”, conta. Além disso, quando há o superaquecimento da bateria – mesmo quando o aparelho não está conectado a tomada-, há um risco da bateria colapsar e ocasionar em uma explosão.

Provavelmente foi isso o ocorreu com um aparelho celular que explodiu perto de um técnico enquanto ele trabalhava em Forquilha, município no interior do Ceará, em março deste ano. O episódio foi captado pela câmera de segurança da loja de assistência técnica. O homem não teve ferimentos graves.

Acessórios sem certificação

O engenheiro elétrico ainda alerta para o perigo desse tipo de acidente com celulares tornar-se mais frequente. “É possível e provável que cada vez mais isso aconteça”, diz. Soares enfatiza a importância das pessoas nunca utilizarem o aparelho celular enquanto o mesmo está carregando, principalmente com fones conectados – já que os usuários podem sofrer choques elétricos.

Além disso, é importante verificar se o acessório utilizado possui o selo de qualidade da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). “Todo equipamento tem um selo da Anatel. Isso garante que o produto é feito dentro das qualidades necessárias. Muitas das vezes quando compramos um carregador paralelo sem o selo da Anatel ninguém garante que foi feito de forma correta. Ninguém garante que estará nas condições normais de funcionamento”, explica.

A forma mais segura de utilizar os aparelhos é a partir da prevenção dos acidentes. Para isso, existem alguns hábitos que podem ajudar. “O aparelho começou a esquentar demais é preciso levar para a manutenção”, diz o engenheiro. Outra dica é usar o celular desconectado da tomada. “Nunca deixar qualquer aparelho celular carregando em cima de algo inflamável, porque se acontecer um problema na bateria ele vai ferver e explodir”, completa Soares.

Caso o carregador apresente algum defeito, por segurança, é melhor descartá-lo e procurar outro produto certificado. “Todo e qualquer equipamento elétrico que sinalizar defeito deve mandar para a manutenção. Sempre usar aparelhos originais e que possui selos Anatel”, recapitula Soares.

Primeiros socorros

No caso de acidentes com queimaduras, as lesões mais leves devem ser colocadas na água fria e limpas para esfriar a região. O local queimado deve ser coberto depois com um pano limpo e a pessoa deve encaminhar-se para uma emergência para atendimento médico. Além disso, nunca deve-se colocar produtos caseiros como manteiga, café ou pasta de dente no ferimento.

Se tiver sangramento, a pessoa deve levantar o membro, se possível, para diminuir o fluxo e evitar amarrar o local. Em seguida, a recomendação é procurar o atendimento médico mais próximo possível.

Edição: Roberth Costa
Giulia Di Napoli[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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