Em crise após minimizar pandemia, dono do Madero teme pelo fim da rede

Madero BH
Rede acumula várias unidades em BH e em Minas (Madero/Divulgação)

O Grupo Madero, que opera na área de restaurantes, disse em suas demonstrações financeiras publicadas ontem (24), que existe “incerteza relevante” e “dúvidas substanciais sobre continuidade” da operação. O chef de cozinha e dono da rede, Junior Durski, minimizou a pandemia e criticou o isolamento social, ao dizer, em março do ano passado, que o Brasil não poderia parar “por conta de 5 ou 7 mil que vão morrer”. Na semana passada, o país atingiu 500 mil mortos, ainda sem conter a pandemia.

Em poucas semanas após a chegada da Covid-19 no país, o chef demitiu mais de 600 funcionários da rede, nove dias depois de garantir que não demitiria ninguém durante a crise. No mês seguinte, Junior anunciou que seu faturamento despencou. E agora, no primeiro trimestre de 2021, segundo o jornal Valor Econômico, auditoria mostra que a liquidez disponível mais o caixa adicional esperado não seriam suficientes para pagar o total das obrigações de dívida de curto prazo antes ou na data de vencimento sem financiamento adicional.

Ainda de acordo com o jornal, nas notas explicativas nas demonstrações trimestrais, a rede diz que não há garantias de que a empresa terá capacidade de adiar ou refinanciar as dívidas de curto prazo “antes das respectivas datas de vencimento em termos que sejam favoráveis”.

“Essas questões levantam dúvidas substanciais sobre a capacidade de continuidade operacional da companhia dentro de um ano a partir da data base das demonstrações financeiras intermediárias condensadas”, diz as notas.

Receita x Empréstimos

O prejuízo do grupo mais do que triplicou de janeiro a março de 2021, comparado o mesmo período do ano passado. Além disso, a receita operacional líquida recuou 9%, caindo para R$ 219,5 milhões. Enquanto isso, o valor dos empréstimos e financiamentos chegou a R$ 1 bilhão em março, o dobro do registrado um ano antes.

Para tentar amenizar a situação, a companhia afirma que está trabalhando para buscar acordos junto aos bancos credores, assim como novos recursos, e abriu renegociação com instituições financeiras. Procurada pelo Valor, o Madero se manteve em silêncio e disse que não pode se manifestar a respeito.

Na capital mineira, o restaurante tem unidades na região Leste de BH, Centro-Sul, no Centro, além de uma versão “Container”, na região Nordeste e na Cidade Administrativa. Em Minas, a rede ainda está presente em Uberlândia, no Triângulo mineiro, em Uberaba, na mesma região, e em Juiz de Fora, na Zona da Mata.

No restaurante da região Leste da capital, no final de 2019, um enfermeiro afirmou nas redes sociais ter sofrido racismo no estabelecimento. Ao BHAZ, o homem disse ter ido ao local com uma amiga e que viveu um momento “triste demais” (veja mais aqui).

Apoio a Bolsonaro

Antes da pandemia, Junior Durski já apoiava Bolsonaro abertamente. No início do ano passado, o empresário usou as redes sociais para declarar apoio a um ato pró-Bolsonaro e fazer ataques ao Congresso. Pelo Instagram, Durski publicou um vídeo em que afirma ter muito orgulho do presidente Jair Bolsonaro. “Está fazendo tudo certo, com muita força, determinação, honestidade e coragem de enfrentar tudo que tem aí”, defendeu.

Após o episódio, alguns internautas se manifestaram e sugeriram um boicote à rede. O apresentador Luciano Huck, sócio de Junior, usou o Twitter para comentar as declarações do bolsonarista. “Amigos concordam e discordam. O respeito por visões, ideias e crenças diferentes faz parte da amizade”, escreveu.

No entanto, o posicionamento de Huck não foi bem recebido. Apoiadores do presidente acreditam que o apresentador tentou ficar “em cima do muro”. Enquanto isso, opositores ressaltam que não deve haver “tolerância e diálogo” com aqueles que tem posições antidemocráticas.

Alto número de mortes já era previsível

Por mais que a previsão do chef, de que o Brasil teria 5 ou 7 mil mortes, tenha ocorrido no estágio inicial da pandemia, ela já não apresentava ligação com as informações oficiais. Por se tratar de um vírus novo, a comunidade científica não tem um claro consenso de qual seria o comportamento da infecção. No entanto, baseado no comportamento do vírus em outros países, alguns cientistas já previam um número trágico de mortes no Brasil, caso o governo não tomasse nenhuma medida.

Edição: Vitor Fernandes

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