Flow anuncia desligamento de Monark após falas sobre nazismo

Monark no Flow
Monark é sócio de duas empresas criadas para administrar o podcast (Reprodução/Redes sociais)

O Flow anunciou, nesta terça-feira (8), o desligamento de Monark do podcast. A decisão veio após o influenciador defender, durante episódio gravado ontem (7), a existência de um partido nazista representado por lei no Brasil (leia mais aqui).

Ao informar que o episódio, gravado com a participação dos deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB), foi retirado do ar, o Flow ainda lamentou as declarações feitas por Monark.

Durante a conversa, o influenciador questionou se “as pessoas não têm direito de ser idiotas” e disse que uma pessoa deveria ter o direito de ser “antijudeu”. As falas alusivas ao nazismo sob argumento de defesa da liberdade de expressão também levaram o podcast a uma perda de patrocínios.

Desligamento

Em nota divulgada no fim desta tarde, o Flow apontou que o podcast surgiu de um “sentimento de liberdade, pluralidade e transparência” e que tratou de temas sensíveis e polêmicos “buscando promover conversas abertas” sobre assuntos relevantes.

“Com isso, carregamos a responsabilidade de nos conectar com milhões de pessoas e é inevitável que grandes decisões exijam grandes responsabilidades. Reforçamos o nosso comprometimento com a democracia e os direitos humanos”, diz o comunicado antes de anunciar a retirada do episódio do ar e o desligamento de Monark.

“Pedimos desculpas à comunidade judaica em especial e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade”, completa.

Por fim, a nota do Flow se dirige aos fãs e seguidores do podcast, garantindo que a atração vai superar a situação, contribuindo par a uma sociedade mais justa “exprimindo opiniões francas e livres, com a liberdade de expressão amparada por preceitos legais”.

Até então, o Flow Podcast era apresentado por Monark e por Igor Coelho, que criaram a atração.

Sociedade

Monark é sócio de duas empresas criadas para administrar o podcast: a Flow Produção de Conteúdo Audiovisual e a IB Holding de Participações. No comunicado, a empresa não esclareceu se o influenciador também deixaria as sociedades.

Nas redes sociais, internautas cobraram a empresa para que ele também deixasse de ser sócio, além de só parar de apresentar o podcast. “Ele vai continuar recebendo dinheiro dos Estúdios Flow?”, questionou uma usuária do Twitter.

De acordo com o jornalista Cesar Gaglioni, do Nexo, Monark também deixa a sociedade. “Em off, uma fonte que sabe diretamente do assunto disse que o clima na empresa está péssimo desde ontem, e que todos os programas da casa, até aqueles que não têm relação direta com o principal, estão sofrendo”, escreveu o repórter no Twitter.

Entenda

Monark se tornou alvo de represálias após defender a existência de um partido nazista no Brasil reconhecido por lei. O influenciador questionou se “as pessoas não têm direito de ser idiotas” em episódio do podcast com os deputados federais Kim Kataguiri e Tabata Amaral, nessa segunda-feira (7).

Em conversa com os parlamentares durante gravação do Flow Podcast, ele afirmou que “a esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical” e defendeu que os dois lados deveriam ter espaço na política brasileira.

“Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei”, disse. Logo, a deputada Tabata Amaral rebateu: “liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca a vida do outro em risco”.

“As pessoas não têm direito de ser idiotas?”, questionou Monark. Tabata Amaral respondeu lembrando que o nazismo coloca toda a população judaica em risco, fato que foi contestado pelo influenciador.

“De que forma? Quando é uma minoria, não põe [em risco]. Mas era quando era uma maioria. Eu acho que dentro da expressão a gente tem que liberar tudo”, disse. “Se o cara quer ser antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser”, disparou Monark em outro momento.

As declarações feitas ontem logo começaram a repercutir nas redes sociais, provocando revolta nos internautas. Entidades judaicas e o Museu do Holocausto no Brasil também repudiaram as falas do influenciador.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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