Grávidas falam sobre medo e esperança em meio à pandemia de Covid-19: ‘A força aparece quando a gente menos espera’

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IMAGEM ILUSTRATIVA (Envato Elements)

Melissa vai chegar em um mundo que a mãe, a professora de inglês Isabela Bernardes, nunca imaginou para a filha. Isabela está grávida de 38 semanas e o nascimento da pequena está previsto na próxima sexta-feira (3), em Belo Horizonte, em meio ao avanço do novo coronavírus.

Isabela, assim como muitas grávidas, está apreensiva com a chegada do bebê e com as restrições impostas para combater o avanço da pandemia. A professora conta que a médica obstetra já orientou que no hospital só o marido dela poderá acompanhar o parto. “Nada de familiares, visitas, fotógrafos”, disse.

“Queria minha mãe perto de mim. Ela poderia me ajudar, mas como ela faz parte do grupo de risco, por ter mais de 60 anos, nem na minha casa vai poder ir”, lamenta.

Mas a professora tem esperança que os cientistas descubram um remédio ou uma vacina rapidamente e acredita que tudo vai dar certo. “Tudo vai ficar bem no final. A força aparece quando a gente menos espera”, conclui.

Isabela Bernardes/ Arquivo pessoal

A ativista Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco e diretora do Instituto Marielle Franco, está grávida de 22 semanas e pediu dicas de autocuidado e oração, em um post em sua conta oficial do Twitter.

Internautas grávidas também falam do medo e da complexidade de sentimentos.

Mesmo com os estudos que apontam que os casos do novo coronavírus, a Covid-19, não evoluíram para formas graves em gestantes, grávidas devem se proteger e seguir as mesmas recomendações do público em geral para evitar o contágio pelo vírus.

De acordo com informações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, até o momento, “as gestantes não parecem ser um grupo de maior risco para doença grave, como ocorreu na pandemia da gripe H1N1. O novo coronavírus não é transmitido ao feto ou ao bebê durante a gravidez ou no parto, segundo estudos disponíveis até o momento em amostras de líquido amniótico ou leite materno”, informa.

Aleitamento materno

Ainda não há evidência científica robusta que estabeleça uma relação entre a transmissão do novo coronavírus e a prática da amamentação. Por isso, não há consenso em relação à recomendação sobre amamentação para mães portadoras ou sob investigação da Covid-19.

O Ministério da Saúde recomendou que a prática seja mantida em caso de infecção pelo Covid-19, desde que a mãe deseje amamentar e esteja em condições clínicas adequadas para fazê-lo.

De acordo com o presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP, Luciano Borges Santiago algumas medidas preventivas devem ser tomadas nesse momento. “As medidas com maior rigor devem ser para as mães identificadas como casos confirmados ou suspeitos – que ainda podem estar no período de incubação. O leite materno deve ser mantido, com os devidos cuidados de higiene respiratória e das mãos, porque os dados até o momento indicam que seus inúmeros benefícios superam os possíveis riscos”, explica.  

O pediatra ressalta ainda que as mães que estão com outras viroses ou outras doenças respiratórias, que não a Covid-19, também devem ter os mesmos cuidados. “Já as mães lactantes sadias, devem fazer apenas higiene habitual, mas reforçamos atenção especial para com a higiene das mãos”, reforça.

Além disso, o médico reforça a importância de higienizar muito bem todos os utensílios que tiverem contato com o bebê. “No caso de bebês que, por algum motivo, além do leite materno também fazem uso de fórmula infantil ou que desmamaram e somente usam a fórmula, os cuidados devem ser estendidos ao manuseio dos utensílios, pois sabemos que o vírus pode sobreviver horas ou até dias em materiais plásticos como bicos e mamadeiras e latas de leite”, diz.

Outra recomendação do pediatra é que todas as pessoas sadias que tiverem contato com os bebês, devem intensificar a lavagem das mãos com água e sabão, além do uso de álcool gel. “E, claro, que todos os que podem evitem sair de casa”, conclui.

UTI neonatal

De acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), o Brasil sofre com um déficit de 3.300 leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) específicos para o acolhimento de crianças que nasceram antes de 37 semanas e que apresentam quadros clínicos graves ou que necessitam de observação.

Mas a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reforça que até o momento, os dados sobre Covid-19 indicam que as crianças não têm sido afetadas pelo novo coronavírus de forma relevante. “Logo, o risco maior é a falta de leitos para adultos, principalmente idosos”, esclarece.

Marcela Gonzaga[email protected]

Editora do BHAZ desde fevereiro de 2020. Jornalista graduada pela Newton Paiva. Trabalhou como produtora de TV e chefe de produção durante 14 anos, com passagens pela RecordTV, Rede Minas, RedeTV!, TV TRT-MG e TV TJMG.

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