Inquérito é instaurado para investigar o ex-BBB Felipe Prior; arquiteto volta a negar estupros

Inquérito instaurado para investigar Felipe Prior por estupro
Delegada responsável afirma que todos os lados serão ouvidos (@felipeprior/Instagram/Reprodução)

Um inquérito foi instaurado na Delegacia da Defesa da Mulher de São Paulo para investigar as denúncias de estupro contra o arquiteto e ex-BBB Felipe Prior. A investigação foi aberta na última sexta-feira (3).

A revista Marie Claire, que foi a responsável por tornar públicas as denúncias contra o arquiteto, conversou com a delegada a cargo do inquérito. “O caso está em andamento e as partes serão ouvidas. Tudo corre sob sigilo de Justiça, em razão da natureza dos fatos. Por enquanto, temos isso”, informou à revista.

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A revista divulgou o relato de três mulheres que afirmam terem sofrido violência sexual praticada por Prior em 2014, 2016 e 2018. Segundo a publicação, advogadas das mulheres protocolaram a notícia crime no Departamento de Inquéritos do Fórum Central Criminal de São Paulo em 17 de março. A denúncia trata de dois estupros e uma tentativa de estupro.

Felipe Prior nega

Desde a publicação das denúncias, Prior tem negado as acusações. Em um vídeo publicado pelo Instagram, o arquiteto afirmou que “nunca cometeu nenhuma violência sexual” e repetiu que é inocente. “Eu estou muito chateado. Desconheço de todos os fatos apresentados”, defendeu.

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Felipe Prior, por sua assessoria, informa que não tomou conhecimento do teor de acusações de crimes que jamais cometeu, e que jamais cometeria. Por enquanto, Felipe Prior repudia, veementemente, as levianas informações espalhadas sobre supostos fatos que teriam ocorrido há anos, mas somente agora, depois de ter adquirido visibilidade pública, são manobrados. Felipe Prior estará à disposição das autoridades para qualquer tipo de questionamento, e adotará todas as medidas necessárias contra os que investem contra a sua civilidade. DRA. CAROLINA TIEPPO PUGLIESE RIBEIRO – OAB/SP 383.251 DR. RAFAEL TIEPPO PUGLIESE RIBEIRO – OAB/SP 405.091 DRA. CELLY F. DE MESQUITA PRIOR – OAB/SP 416.300

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Em nota publicada pela Marie Claire, os advogados do arquiteto reforçaram a alegação de inocência de Prior e afirmaram que vão tomar todas as medidas cabíveis. “Reiteramos: o crime que existe é cometido por anônimos que o acusam e por aqueles que difundem essas acusações, causando prejuízos à sua integridade e à sua imagem”, declararam.

Os relatos da violência

O arquiteto Felipe Antoniazzi Prior, de 27 anos, que participou do Big Brother Brasil 20, é suspeito de dois estupros e uma tentativa do mesmo crime. As violações teriam acontecidos em jogos universitários, entre 2014 e 2018.

O primeiro crime teria ocorrido no dia 9 de agosto de 2014, a vítima é Themis (pseudônimo que a revista criou para proteger a identidade), de 27 anos, em uma festa de jogos universitários das faculdades de arquitetura e urbanismo de São Paulo, conhecida como InterFAU. No fim do evento, a mulher e uma amiga aceitaram uma carona oferecida por Prior, que era estudante, na época, do curso de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

No relato, Themis afirma que estava “bastante alterada” no momento, pois tinha ingerido bebida alcoólica. De acordo com ele, Prior teria deixado a amiga em casa e logo depois parado o veículo na rua e desligado o motor. Naquela hora, ele teria agarrado Themis e começado a beijá-la, passando as mãos por todo seu corpo. Logo depois, colocou a jovem no banco de trás do carro.

No depoimento, consta que Prior tirou a roupa da vítima e abriu as próprias calças, deixando seus órgãos genitais à mostra. Como estava muito embriagada, a mulher disse que não conseguiu oferecer resistência, mas que havia falado por diversas vezes que não queria ter relações sexuais. Prior teria ficado bravo e começado a gritar: “para de ser fresca, no fundo você quer, não é hora de se fazer de difícil”. Themis continuava dizendo que não queria, e Prior insistindo: “quer sim”. Foi aí que Prior teria cometido o crime de estupro.

A vítima continua e diz que a violência foi tão grande que chegou a causar uma laceração em seu lábio vaginal esquerdo, fazendo com que o banco do carro, sua roupa e a de Prior ficassem encharcadas de sangue. Com muita dor, a vítima começou a chorar e, segundo ela, isso teria feito o arquiteto parar. Como a quantidade de sangue era grande, Prior questionou se ela queria ir para um hospital. A vítima apenas respondeu que queria ir para casa e “mais nada”. O arquiteto concordou, deixou a vítima no portão de casa e foi embora.

Mais acusações

Na continuação do documento, é relatada uma tentativa de estupro durante os jogos InterFAU de 2016, na cidade de Biritiba Mirim (SP). Prior teria praticado o crime contra a estudante Freya (o nome também é um pseudônimo para proteger a vítima), atualmente com 24 anos.

De acordo com depoimento da segunda vítima, o arquiteto teria se aproveitado de seu estado de embriaguez e convenceu a jovem a entrar em sua barraca, no camping dos jogos, após encontrá-la em uma festa. Dentro da barraca, foram diversas tentativas de estupro.

Ela conta que Prior tentou penetrá-la no ânus, em duas ocasiões, e com a negativa ele segurou a vítima com força. A jovem conta que o estupro só não foi consumado de fato porque ela o empurrou com os braços e pernas e conseguiu fugir. Mesmo tento entrado na barraca do arquiteto, Freya afirma que quando percebeu que não tinha camisinha para o sexo, se recusou a seguir com a relação. Ele insistiu, usando força física.

Em mais um evento dos jogos InterFAU, em 2018, em Itapetininga (SP), Prior teria cometido outro estupro. A vítima, dessa vez, seria Ísis (também um pseudônimo criado pela a revista para proteger a vítima), que está com 23 anos e, novamente, o arquiteto teria se aproveitado da embriaguez da vítima.

A dinâmica do crime foi a mesma do anterior. Prior teria convidado Ísis para entrar em sua barraca, onde começou o sexo de maneira consentida. Contudo, após o arquiteto começar a agir de forma agressiva, a vítima disse que queria parar, mas Prior não quis.

De acordo com documento conseguido pela revista, Prior deu tapas no rosto e pelo corpo de Ísis, mesmo depois da vítima dizer que sentia dores e que gostaria de parar. Ela ainda contou que começou a chorar, mas ele falava que ela não poderia sair da barraca.

Em certo momento, o arquiteto teria colocado a vítima de barriga para baixo e colocou seu peso em cima dela, imobilizando-a. Mesmo depois de terminar o estupro, ele a empurrou e puxou para que a vítima caísse em cima do colchão, para que ela não pudesse fugir. “Uma voz feminina chorando. A voz dizia ‘Para, tá me machucando’ e continuava chorando.” As testemunhas sustentam as acusações da vítima no documento.

Formalização da denúncia

Segundo a criminalista Maira Pinheiro, advogada das três vítimas, o trabalho começou no fim de janeiro, e que foi importante reunir testemunhas para formalizar a denúncia. “Conforme tivemos informações sobre a existência de outras [vítimas], percebemos que, para que os fatos fossem relatados com a devida profundidade e complexidade, teríamos que fazer uma investigação defensiva abrangente. E assim chegamos à segunda e à terceira vítimas e às demais testemunhas. Tivemos inclusive notícia de pelo menos uma outra, que acabou preferindo não depor”.

A advogada também foi questionada do motivo das mulheres não terem registrado boletim de ocorrência na época. “Precisamos entender que lidamos com vítimas reais e não ideais. Acompanhando esse tipo de caso cotidianamente, percebemos que infelizmente é comum que entre a ocorrência da violência e a decisão de denunciar, passe um certo tempo”.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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