‘Protegido graças à vacina’: João Doria testa positivo para Covid-19 pela segunda vez e faz alerta

João Doria
Governador de SP diz que está se sentindo bem e disposto (Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que testou positivo para Covid-19 pela segunda vez nesta quinta-feira (15). O político já havia sido diagnosticado com a doença em agosto do ano passado e aproveitou a situação para fazer um alerta nas redes sociais.

O governador diz que fez o teste por precaução e cumprirá sua agenda de compromissos de forma virtual. Os compromissos presenciais serão conduzidos pelo vice-governador, Rodrigo Garcia (Democratas).

“Estou me sentindo muito bem, disposto e tenho convicção que estou sendo protegido contra o agravamento da doença pela vacina do Butantan, a qual já tomei as duas doses. Eu, como milhões de pessoas, fui protegido graças à vacina”, escreveu Doria no Twitter.

Alerta

Ele ainda fez um alerta para a população, lembrando que quem já foi vacinado contra a Covid-19 ainda pode se contaminar e transmitir a doença. “Não importa a vacina, elas evitam o agravamento da doença, não a infecção”, publicou Doria.

“E para aqueles que ainda não foram vacinados, meu caso também serve de exemplo, para demonstrar a importância da vacinação para evitar que a doença se agrave, levando à internação ou morte. Continuarei sendo acompanhado pelos médicos, com a certeza de que a vacina está me protegendo, assim como protege milhões de brasileiros”, finalizou o governador.

Entenda

As vacinas contra a Covid-19 aprovadas para aplicação na população são seguras e eficazes para proteger quem as recebe – os estudos clínicos realizados com milhares de pessoas, usando públicos diferentes, comprovaram isso e foram a base para a liberação do uso dos imunizantes. Grupos de cientistas monitoram constantemente os efeitos das substâncias e emitem alertas caso as vacinas ofereçam algum risco.

Em primeiro lugar, as vacinas não garantem 100% de eficácia contra o coronavírus Sars-CoV-2, como qualquer tratamento de saúde. Conforme aumenta o número de vacinados no país, surgem relatos de pessoas que receberam o imunizante e pegaram a doença logo depois, chegando a desenvolver a Covid-19 na forma grave e até morrendo por complicações da doença.

Para ter efeito no organismo, a substância precisa de pelo menos 14 dias após a segunda dose para se estabelecer (quando o imunizante é aplicado em duas injeções). Mesmo com a imunização completa, a alta circulação do vírus no Brasil e as novas variantes, ainda pouco estudadas, fazem o risco de infecção crescer, apesar das vacinas.

“Os estudos contam com milhares de participantes, mas quando começo a aplicar a vacina em milhões de pessoas, vão aparecer aqueles que desenvolvem a doença grave. O que os estudos dizem e o que vemos é que quem recebe a vacina tem um risco menor de adoecer”, afirma Sonia Raboni, infectologista do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR/Ebserh).

Pessoas mais velhas e com algumas comorbidades não fazem parte dos primeiros grupos a entrarem nos estudos com as vacinas. Geralmente, são incluídos depois e em menor número. Segundo Raboni, o grupo de pessoas mais velhas, que têm um sistema imune mais debilitado, pode ter respostas mais fracas à vacina.

De acordo com Ethel Maciel, epidemiologista e professora na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), os estudos clínicos são feitos em ambientes mais controlados, com mais adultos saudáveis. “Quando vamos para a vida real, temos pessoas com outras comorbidades e condições. Já esperávamos que essas pessoas poderiam se infectar. E agora precisamos de estudos que acompanhem o que acontece com essas pessoas”, afirma.

“Diante de um universo de dezenas de milhares de novos casos diários e do aumento gradual, ainda que lento, do percentual de indivíduos vacinados, é esperado que ocorra cada vez mais casos de infecção em vacinados”, afirma a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em nota publicada em sua página de internet.

Perguntas e respostas

O que fazer após tomar a primeira dose da vacina?
Aguardar a data da segunda dose mantendo os cuidados como máscara, distanciamento social e higiene das mãos.

O que fazer após receber a segunda dose da vacina?
Manter uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos até que uma boa parcela da população (pelo menos 50%) esteja devidamente imunizada e a circulação do vírus caia drasticamente. Quando isso acontecer, uma retomada mais ampla das atividades pode ser feita lentamente com segurança.

Posso ter Covid-19 após tomar a vacina?
Sim. Os estudos mostram que os vacinados têm muito menos chances de se infectar com o vírus, e quando isso acontece os sintomas são mais leves. Ainda assim, os pesquisadores não descartam casos graves ou mortes, mas esses são casos raros.

Posso transmitir o vírus após tomar a vacina?
Sim. É possível que a pessoa se infecte e tenha uma infecção mais leve ou sem sintomas. Isso indica que a transmissão ainda é possível, mesmo que em uma intensidade menor. Dados não conclusivos indicam que algumas vacinas podem barrar a transmissão em algum nível, o que é um boa notícia, mas ainda precisa ser confirmada.

Se eu não tiver nenhuma reação após tomar a vacina, significa que ela não funcionou?
Não. Cada organismo responde de maneira diferente ao imunizante. Mesmo sem ter efeitos comuns como febre e dores, a vacina pode funcionar.

Posso fazer algum teste para saber se a vacina funcionou?
Não. O teste rápido (sorológico), que mede anticorpos contra o vírus e pode ser comprado em farmácia, ainda fornece resultados muito frágeis. Além disso, nossa resposta imunológica não é formada só por anticorpos, há outras moléculas que nos protegem e que não são detectadas com testes simples, diz Maura Salaroli, infectologista do Hospital Sírio-Libanês.

Com Folhapress

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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