Uma carta enviada por um juiz a detentos de Joinville (SC) vem ganhando grande repercussão, desde que foi compartilhada nas redes sociais. João João Marcos Buch escreveu para os encarcerados com o objetivo de levar uma mensagem de esperança. Apesar disso, a carta divide a web: de um lado, os que apoiam a atitude, do outro, os que condenam o juiz.
O sistema prisional de Joinville tem mais de dois mil detentos e, para cada um deles, foi entregue uma cópia da carta, conforme informou João em seu perfil no Facebook. No começo da mensagem entregue aos presos, o juiz destaca que, por causa das dificuldades encontradas no sistema prisional brasileiro, ficou em dúvida sobre o que escrever. “Não sei como é estar preso, nunca estive preso, tenho apenas uma superficial noção do que seja”, diz em um dos trechos.
Apesar disso, João Marcos destacou que, quando visita presídios, consegue ver as “marcas de desespero, do conflito, da dor rabiscadas nas paredes do cárcere e estampadas nas faces dos presos”. Ele ainda disse entender as reivindicações feitas pelos detentos, como, por exemplo, o “acesso ao trabalho, ao estudo, diminuição da superlotação” dos presídios. O magistrado também destaca que, junto de sua equipe, busca atuar para que os “prazos sejam cumpridos e que ninguém fique preso acima do que a sentença determina”.
Um ponto de forte repercussão da carta foi a confissão do magistrado de que sofre por ser juiz de execução penal. Ele destaca a intolerância e diz que é “taxado como defensor de bandido”. “Sou olhado de canto de olho, sou hostilziado por parte da sociedade, cega em seus traumas, ódios e medos. Ser juiz de execução penal é lutar para que o muro que divide o mundo dos livres do mundo dos presos não se torne a cerca de arame farpado dos campos de concentração do holocausto”.
João Marcos diz, no relato, que espera ter levado “alento” aos detentos e os lembra que “um dia a liberdade virá”. “Quando esse dia chegar, eu desejo que vocês consigam retomar a vida em harmonia”.
Repercussão
A carta chegou ao ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ayres Britto, que elogiou a atitude, segundo João Marcos. “Recebi a ligação do admirável ministro Ayres Britto. O professor me cumprimentou, falando sobre direito e justiça, sobre vida”, compartilhou no perfil da rede social.
Nos comentários da publicação, internautas se dividem. Uns apoiam o gesto do juiz “Parabéns pelo trabalho de excelência! O mundo precisa de mais profissionais assim”, “Não basta encarcerar, é preciso levar esperanças. Parabéns”. Por outro lado, há críticas: “Aguardo a sua carta para dar asa vítimas desses anjos da sociedade”.
A publicação já teve mais de 1,8 mil reações e 469 compartilhamentos.
