O LinkedIn, rede social voltada para a criação de relações no meio corporativo, virou polêmica nesta semana depois que uma vaga que dá preferência a pessoas negras e indígenas foi excluída pela plataforma. A oportunidade havia sido divulgada pelo Laut (Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo) e buscava profissionais para preencher o cargo de coordenação do setor administrativo e financeiro.
“Buscamos profissional para gerir nossas rotinas financeiras, administrativas e de pessoal. O trabalho será remoto e terá carga horária de 20h por semana. Como parte das ações afirmativas da Laut para valorizar a pluralidade da equipe, esse processo seletivo dá preferência a pessoas negras (pretas e pardas) e indígenas”, detalha a empresa.
Dias depois, o anúncio foi removido pela plataforma. Um dos funcionários da empresa, e que também é professor na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), expôs o ocorrido em uma rede social nesta terça-feira (22).
“O Laut, organização da sociedade civil da qual faço parte, teve um anúncio de emprego bloqueado no LinkedIn. Motivo: adotamos políticas de ação afirmativa para garantir representatividade em nossos quadros, e para que pessoas de mérito não sejam preteridas em seleções insensíveis às reais condições de desigualdade mas quais vagas acadêmicas são disputadas”, escreveu Rafael Mafei.
‘Vexame’
Na postagem, o professor compartilhou o print da resposta que o LinkedIn deu ao Laut a respeito da exclusão da vaga. Por mensagem, a empresa afirmou que “nossas políticas são aplicadas de forma consistente a todos os nossos usuários”.
“Pedimos que as vagas não especifiquem preferências ou requisitos relacionados a características individuais, como idade, sexo, religião, etnia, raça”, explicou a empresa. Ainda na publicação, Rafael chamou a postura da plataforma de “vexame”.
“Basicamente, não conseguem distinguir uma ação que combate racismo, buscando reverter a subalternidade imposta a um grupo específico de pessoas pela cor de sua pele, de uma ação que perpetua racismo, fingindo isonomia que só preserva a dominação de um grupo específico (brancos) sobre um bem socialmente apreciado (empregos de alta qualificação) em detrimento de outros grupos (negros, indígenas)”, escreveu ele.
O que diz o LinkedIn?
O BHAZ não conseguiu contato com o LinkedIn para esclarecer o que motivou a exclusão da vaga. Pelas redes sociais, a plataforma publicou a mesma resposta dada à Rafael sobre o ocorrido. Ao jornal Folha de S. Paulo, a plataforma disse que a conduta visa garantir que pessoas com as mesmas aptidões tenham acesso às mesmas oportunidades.
“Entendemos que em alguns países, como o Brasil, a legislação permite que empregadores apliquem esses critérios em seus processos de seleção. Revisitamos regularmente nossas políticas para garantir que apoiamos a diversidade e a inclusão de candidatos no LinkedIn e, consequentemente, no mercado de trabalho”, disse.
Pedro, bom dia. Nossas políticas são aplicadas de forma consistente a todos os nossos usuários/as. Pedimos que as vagas não especifiquem preferências ou requisitos relacionados a características individuais, como idade, sexo, religião, etnia, raça ou orientação sexual. Obrigado
— LinkedIn Help (@LinkedInHelp) March 22, 2022