Uma estudante de 10 anos que foi infectada pelo novo coronavírus relatou o que viveu quando toda a família adoeceu pelo Covid-19 à repórter Cristiane Barbieri, do Estadão. A pequena Maya Amaral vive em São Paulo e escreveu um depoimento sobre a experiência como lição de casa para a escola.
A menina contou que, nas últimas semanas, ficou muito doente, “como nunca antes”. Ela começou a sentir dor de garganta e ter febre no dia 10 de março, mas foi melhorando e, na quinta-feira (12), foi para a escola. Depois, foi descoberto que ela e a família haviam sido infectados pelo coronavírus.
No dia seguinte, o avô de Maya, que é médico, disse aos pais dela que ela poderia estar com a Covid-19. “Eu fiquei um pouco assustada e triste porque queria muito brincar com meus amigos na escola, mas, para prevenir e não infectar meus colegas, não fui para a escola”, escreveu a menina.
No sábado (14), sua irmã de 10 meses, Laura, teve febre de 42ºC. Ela foi ao hospital e, segundo Maya, “todos os resultados de exames deram negativos, menos o do coronavírus que deu ‘indetectável”. Laurinha, como ela chama a irmã, voltou para casa na segunda-feira (16).
Ela conta que, alguns dias depois, começou a sentir falta de ar e tontura, e foi ao hospital para fazer exames. “Como ainda estava com muita falta de ar, o meu avô pediu para a minha mãe alugar um cilindro de oxigênio que parece um botijão de gás. Mesmo fazendo inalação com o inalador e com o oxigênio, eu comecei a me sentir pior”, escreveu Maya no depoimento obtido pelo Estadão.
A família voltou ao hospital dois dias depois porque Maya estava com muita dor no peito, sentia dificuldade para respirar e estava cansada. A menina foi levada ao hospital, onde uma médica a examinou e disse que ela teria que ser internada na UTI.
“Quando cheguei à UTI, não podia sair da sala nem para fazer xixi. Fiquei triste porque não queria ter de dormir no hospital. Tive de fazer um exame para ver se meu coração estava bem, e ele estava. No dia seguinte, minha mãe ficou muito nervosa porque meu pai estava muito doente e ela não podia sair do hospital. O médico viu que eu estava um pouco melhor e me deixou ir para o quarto. Lá, eu fiquei mais um tempo”, escreveu ela.
O pai da menina, segundo o Estadão, tem 38 anos e é ex-atleta profissional. “Quando finalmente fomos para casa, não pude dar abraço no meu pai porque não sabíamos se ele estava com uma bactéria. Assim que chegamos em casa, ele foi para o hospital. Viram que ele estava com pneumonia bacteriana porque a covid-19 o deixou muito fraquinho. Desde que chegamos em casa, minha mãe tem cuidado de todos nós. Ainda não estou 100% nem meu pai e a Laurinha. Mas daqui a pouquinhos estaremos todos bem”, finalizou Maya.
