A jornalista Sandra Annenberg publicou uma homenagem ao marido e colega de profissão, Ernesto Paglia, demitido da Globo depois de 43 anos na emissora. O próprio profissional também deixou uma mensagem aos colegas, nessa segunda-feira (26).
“Há 30 anos fui convidada pra ser apresentadora do Fantástico, ainda fazia faculdade e o diretor do programa, falou: ‘Você precisa aprender a fazer reportagem, vai acompanhar o melhor repórter da TV brasileira’. Assim o fiz. Segui a missão à risca e assim o faço até hoje”, começa o texto.
Sandra Annenberg diz ser apaixonada pelo trabalho do marido e pela forma com que ele se relaciona com a equipe, os entrevistados e até a câmera. “Quando volta de uma viagem, as aventuras recheiam a mesa, sempre tem tanta coisa pra nos contar e os olhos sempre a brilhar”, escreve.
Ela ainda revela que Ernesto Paglia tem um kit com todo tipo de “engenhoca” para se dar bem em qualquer viagem. A jornalista também cita os momentos de saudade durante a aventuras do marido para reportagens especiais.
“Tive o prazer, o privilégio e a honra de dividir 32 dos seus 43 anos e 7 meses na ‘outra’ casa. Tenho um orgulho de ser sua mulher qur não cabe em mim! E a admiração é do tamanho do amor que sinto por você!
Parabéns pela sua trajetória. Você é o maior contador de histórias que conheço”, completa.
“E agora a sua história entra pra história de todos nós. Mas a nossa história continua, ainda há muitas pra escrever e sempre juntos! Sou a sua maior fã! Te amo! Sua, sempre!”, finaliza Sandra Annenberg.
A homenagem emocionou vários outros jornalistas da Globo, além de fãs e amigos, que deixaram comentários na publicação da apresentadora no Instagram.
“Ernesto será sempre ícone absoluto do telejornalismo. Referência no jeito genial de contar histórias e referência como ser humano impecável na elegância e caráter” escreveu César Tralli. “Que lindo! Que emocionante! Que merecido esse elogio público para o Paglia”, comentou Fátima Bernardes.
Poliana Abritta, Marcos Mion, Rodrigo Lombardi, Ana Paula Araujo, Lilia Cabral, Cecilia Flesch e Aline Midlej foram outros que deixaram suas palavras de carinho na postagem.
Carta de Ernesto Paglia
Com o anúncio da demissão, Ernesto Paglia também deixou uma carta aos colegas de trabalho. Ele citou coberturas especiais, marcos da carreira e agradeceu aos profissionais com quem trabalhou ao longo da trajetória.
“Foi um privilégio ter sido repórter, na linha de frente da profissão, durante o riquíssimo período criativo dessas quatro décadas. Pude contar grandes, belas e importantes histórias ao lado de gente competentíssima”, escreveu,
O comunicado deixado por Paglia aos colegas da Globo foi divulgado pelo jornal O Dia. O repórter escreveu a carta diretamente de Stanley, onde foi fazer uma reportagem sobre as Malvinas para o “Fantástico”.
Ele se diz grato pelas oportunidades oferecidas pela emissora e lista eventos que cobriu, como a libertação de Nelson Mandela em 1990, na África do Sul, e a primeira entrevista de Ayrton Senna como piloto da Fórmula 1.
“Entrevistei Shimon Perez, Kofi Annan, Paul Krugman, Tim Berners-Lee. Tim Burton, Ney Matogrosso, Maria Rita, Cássia Eller, Cora Coralina, Gilberto Gil. Zubin Mehta, Maurice Bèjart, Placido Domingo. Gravei com Margareth Thatcher, Mikhail Gorbachev, Fidel Castro, François Mitterrand, Helmut Khol. Até de João Paulo II consegui arrancar algumas reações, num tempo em que Papa não falava com a imprensa”, cita.
Na carta, Ernesto Paglia manda abraços aos jornalistas, técnicos, editores de imagens, técnicos, motoristas e vários outros profissionais com quem cruzou durante a trajetória na Globo.
“Ainda há muitas [histórias] por contar. As novas tecnologias multiplicaram as telas. E acredito ainda ter muito a oferecer como jornalista, ofício que me dá enorme orgulho. Parafraseando um velho slogan, a gente se vê por aí”, finaliza.
Trajetória
Ernesto Paglia estava na Globo desde junho de 1979. Já foi correspondente em Londres, comandou a série “JN no Ar” e a apresentação do programa “Globo Mar”.
O repórter começou trabalhando durante a madrugada, de meia-noite às 7h. Em dois meses, após emplacar cinco matérias no “Jornal Nacional”, entrou no horário do “Bom Dia São Paulo”, das 5h da manhã ao meio-dia.
Depois, começou a fazer o quadro “Café da Manhã”, em que recebia convidados para entrevistas nas respectivas casas. No mesmo período, Ernesto Paglia fez matérias para o “Jornal Hoje”.
Em 1983, passou um mês no escritório da Globo em Londres, e quando voltou, passou a trabalhar como repórter exclusivo da equipe do “Globo Repórter”. Depois, retornou a Londres e passou três anos como correspondente internacional.
Quando voltou para o Brasil, Paglia fez reportagens para o “Globo Repórter”, “Jornal Nacional” e para o “Fantástico”. De 1997 a 2000, editou e apresentou o programa “Painel”, na GloboNews, e em 2009 começou a gravar o “Globo Mar”, programa com reportagens sobre a vida marinha e pesquisas oceanográficas.
O jornalista passou por várias outras atrações da emissora, inclusive com reportagens para o Globo Esporte. Até a demissão, ele atuou como repórter especial do “Fantástico” com base em São Paulo.
Ernesto Paglia já entrevistou figuras como o líder soviético Mikhail Gorbachev; Margaret Thatcher, então primeira-ministra britânica; Fidel Castro; e D. Hélder Câmara, arcebispo de Recife e Olinda; entre várias outras.
