Sem água, luz e comida: Acre sofre com enchentes e população pede ajuda

Enchentes no Acre
Cidade de Tamaraucá foi uma das mais atingidas pela enchente (Reprodução/@fodidaseafins/Twitter + @noisnanetoficial/Instagram)

O mês de fevereiro já deixa uma marca trágica para moradores do Acre, no Norte do Brasil. Desde a quinta-feira (11) a população sofre com enchentes provocadas pela chuva na maior parte do estado. Em Tarauacá, cidade a cerca de 300 km da capital Rio Branco, o estrago foi ainda maior: 80% do município ficou embaixo d’água. A estudante Laíza Rivera, uma das atingidas, conta que, há uma semana, ela, a família e parte da vizinhança estão sem alimentação, luz e água.

“A gente perdeu geladeira, cama, colchão, bebedouro, máquina de lavar, guarda-roupas… muita coisa. A gente não consegue nem dormir lá [na casa], não tem lugar nem para sentar então viemos para casa de parentes no único bairro que não alagou”, conta Laíza. A moradora também conta que não há comida nos supermercados e a forma que a população encontrou para se alimentar foi com comidas enlatadas. “Muitos mercados estão com prejuízo, tem comida estragando.”

Por conta da escassez de recursos básicos, as pessoas estão vivendo com o que recebem de doações. Com as chuvas diárias, além do rio Tarauacá ter transbordado e inundado a maior parte da cidade, a água tem demorado muito para baixar. “Só um bairro que não foi atingido, que é o Copacabana, que fica na parte mais alta, não foi atingido pela água”, explica Laíza.

Bairros embaixo d’água

De acordo com a Defesa Civil do Acre, foram 28 mil pessoas atingidas pela enchente. Os desabrigados já somam 424, sendo que 80 famílias estão espalhadas por oito abrigos instalados em escolas da cidade. Uma pessoa chegou a morrer por choque elétrico durante a queda de um fio de energia, no entanto, o nome da vítima não foi divulgado. Os bairros mais afetados foram Praia e Triângulo.

O Corpo de bombeiros está trabalhando no local junto à Defesa Civil e a Prefeitura. O objetivo é manter as pessoas em local seguro, longe de uma possível nova inundação, e levar água potável e alimentação. Aos moradores que ainda estão em casa, a recomendação é que liguem para os bombeiros para que se faça o deslocamento aos lugares seguros.

Segundo o balanço da corporação, o nível do Rio Tarauacá recuou de 11,10 m para 11,05m, número muito acima do transbordamento, que é de 9,50m. Foram 77 famílias atendidas até o momento.

Ajuda ainda é pouca

“A água subiu de uma vez, as pessoas perderam tudo. A gente até recebendo ajuda, mas não está adiantando muito. Na hora não tinha niguém pra auxiliar a gente, não tinha canoas disponíveis, a Prefeitura só ajudou depois de três ou quatro dias que estávamos alagados. Depois de todos esses dias a gente recebeu marmita, e deram ração de cachorro para os animais desabrigados, mas quem fez isso foram os voluntários”, explica a moradora do bairro Triângulo, Daniela Peres.

A jovem conta que ficou impossível comprar alimentação durante os dias em que ficaram submersos. “Às vezes eu olhava para aquela situação e eu só conseguia chorar”, comenta. Além de todo o sufoco para se manterem vivos durante a devastação da enchente, as famílias ilhadas precisaram pagar para se locomover, já que alguns dos moradores que tem canoa em casa cobram para levar as pessoas para os lugares mais seguros. “Nem sempre a gente tem dinheiro para pagar.”

Enquanto estavam com a água até abaixo da cintura, os moradores também enfrentaram problemas com animais perigosos, como cobras. Segundo Daniela, uma pessoa chegou a ser picada por uma serpente e não conseguiu ser atendida em hospital, já que todos ficaram sem rede telefônica e celulares disponíveis. “A gente tava isolado completamente, não dava para fazer nada.”

Socorro urgente

No final da noite de ontem (19), internautas subiram as tags #SOSTarauaca e #SOSAcre, para mobilizar e chamar a atenção do poder público para o que está acontecendo no Acre. Voluntários e amigos das famílias atingidas criaram uma campanha para arrecadar fundos e doações para os moradores mais atingidos.

Água potável, alimentos não perecíveis, cobertores e rações para animais como cachorros e gatos são os itens mais necessários até o momento. As doações serão encaminhadas aos voluntários de Tarauacá e ONG Cão Amigo.

Edição: Roberth Costa
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!