A vítima de estupro que levou Leandro Lehart, do grupo Art Popular, a ser condenado a 9 anos de prisão por estupro e cárcere privado, contou os momentos de terror que viveu com o artista.
Ao Fantástico, Rita de Cássia Corrêa, de 40 anos, revelou que uma prática escatológica* gerou imenso trauma e que a vida dela hoje ela é feita de “dores psicológicas, físicas, de limitações”.
“Eu quis conversar com o senhor de uma maneira que mostrasse a todos a indignação que eu sinto. Esse monstro que cometeu todas essas atrocidades comigo em uma noite”, disse ao repórter.
Ela explica que começou a se aproximar do cantor em 2017. “Eu mandei uma mensagem elogiando o trabalho dele. Por inbox numa rede social, ele acabou me respondendo. Ele vendo ali que eu tocava piano e que trabalhei com música, convidou para que eu fosse até a residência dele para que eu pudesse conhecer o estúdio e tocar piano”, começa.
Escatologia
A casa do artista fica em uma região nobre da zona norte de São Paulo. Os dois tiveram alguns encontros, cinco com relações sexuais consentidas. Rita disse que, até então, Lehart havia sido “muito educado, muito gentil, muito cortês”.
Contudo, em 2019, a vítima revela que passou por uma situação de extrema violência, um trauma do qual ainda não se recuperou. “Ele me convidou para subir para o quarto dele que ficava no andar de cima da casa. Eu consenti e subi”.
“Ele parou e perguntou: ‘Vamos ao banheiro para terminarmos lá? Porque de lá já poderíamos tomar um banho’. Eu não vi maldade nisso. Em sair ali do quarto e terminar ali no banheiro a relação sexual”, continua Rita.
A vítima conta que, já no banheiro, o cantor foi agressivo e a imobilizou. Depois, cometeu a prática escatológica. “Na minha boca. Eu já comecei a me debater, e pedindo para ele parar. E tentando tirá-lo de cima de mim, mas eu não conseguia. Ele ainda se masturbou até chegar ao orgasmo”.
Trancada no banheiro
A mulher conta que Leandro a deixou trancada durante um tempo no banheiro. De acordo com ela, após as humilhações e abusos, o artista chamou um carro de aplicativo e a deixou ir embora para casa.
“Já fui direto para o banheiro. Já ali no chão mesmo, me despenquei a chorar e fiquei muito tempo ali tentando me higienizar, tentando tirar todo aquele cheiro horrível, aquele gosto, escovando meus dentes. Ali embaixo do chuveiro”, explica a vítima.
Vida desandou
A partir desse dia, a vida da mulher mudou por completo. Ela convive com sérios problemas emocionais, além de ter perdido o emprego de controladora de acesso no metrô de São Paulo. Em um momento mais extremo, tentou tirar a própria vida.
À Justiça, Leandro negou as acusações. Ele disse que as mensagens em que confessa o abuso não mostram a verdade. O músico disse que isso foi apenas uma ajuda humanitária que deixar a vítima mais à vontade e que ela perdesse a vontade de se matar.
O líder do Art Popular foi condenado por estupro e cárcere privado, por ter mantido a mulher no banheiro. A sentença foi de 9 anos, 7 meses e seis dias de prisão. Ele pode recorrer em liberdade.
* O dicionário Michaelis define escatologia como o tratado acerca dos excrementos; coprologia [ramo da biologia e da medicina que estuda as fezes]. O termo é usado para estudos e outras práticas relacionadas a excrementos humanos, principalmente, fezes.
