O CMSBH (Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte) solicitou, nesta sexta-feira (3), ao prefeito Alexandre Kalil (PSD) e ao secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, que a capital mineira adote o chamado lockdown. A medida visa evitar que “pessoas morram sem assistência”, por falta de leitos, e diminuir a circulação do novo coronavírus.
“A taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de enfermaria já configuram indicações técnicas para o lockdown. Já temos hospitais, como o das Clínicas e a Santa Casa, que estão com 100% dos leitos para Covid-19 ocupados e sem condições de receber mais pessoas”, diz Carla Anunciatta, presidente do CMSBH, ao BHAZ.
O Boletim Epidemiológico Assistencial da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) indica que a capital, até essa quinta-feira (2), tinha 87% de ocupação nos leitos de UTI e 73% na enfermaria.
A alta taxa de ocupação não se restringe somente à rede pública, conforme conta Carla. “Os hospitais privados estão chegando no nível de ocupação alto. A situação é dramática”.
Falta de leitos
O CMSBH teme a falta de leitos para atender os pacientes, visto que os registros de diagnósticos positivos para Covid-19, em Belo Horizonte, seguem aumentando. A capital já tem 7.144 casos confirmados.
“Precisamos do lockdown para conseguirmos controlar a ascensão da curva, para o vírus parar de circular na cidade e para que os serviços de saúde tenham um momento de organização. Estamos à beira do colapso e de pessoas morrerem por falta de atendimento”, destaca.
Um áudio que circula em grupos de WhatsApp mostra a situação desesperadora de quem está na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Mesmo com as medidas tomadas previamente, a “situação é de colapso”.
“O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) está tendo muita dificuldade de transportar com agilidade alguns usuários. Tem gente esperando até 6 horas. Estamos no limite com leitos de UTI. A prefeitura abriu 30 leitos, mas ainda assim aumentou número de pessoas internadas e a taxa [de ocupação] continua em 87%. Isso é operar no limite”, diz o secretário-geral do CMSBH, Bruno Pedralva.
Reabertura do comércio
O prefeito Alexandre Kalil reuniu com representantes do comércio nessa quinta. No encontro, o presidente do Sindilojas-BH (Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte), Nadim Donato, apresentou uma proposta que contempla a abertura de todos os setores.
“Propomos três dias fechados e quatro dias abertos. Fecharíamos o comércio sábado, domingo e segunda. Abriríamos terça, quarta, quinta e sexta. Passamos isso para os infectologistas e pedimos que estudem este mecanismo”, disse após o encontro.
Carla Anunciatta não concorda com a sugestão. “É um absurdo o que foi proposto. Se as pessoas que revindicam a abertura do comércio conhecessem o CTI de um hospital e vissem o sofrimento de um paciente morrendo por falta de ar, logicamente não pediriam isso”.
Hospital de campanha
O conselho também fez uma solicitação junto ao Governo de Minas. “Procuramos o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, pedindo a abertura do hospital de campanha. Precisamos de mais leitos. Se a situação persistir, pessoas vão morrer sem assistência e sem acesso a leitos”, afirma Carla.