Minas testou apenas 2.400 de pessoas com Covid-19 e pacientes com a suspeita da doença

Informação foi passada pelo secretário de Saúde do Estado (Governo de Minas Gerais/Facebook/Reprodução + Envato/Reprodução)

Em meio à pandemia do Covid- 19, o governo de Minas Gerais realizou 2.400 testes em pacientes até esta segunda-feira (30). Especialista aponta um “problema mercadológico” em todo o mundo. A informação foi repassada nesta segunda em coletiva de imprensa presidida pelo secretário de estado de saúde, Carlos Eduardo Amaral. 

A expectativa é de que mais testes sejam realizados no Estado ao longo desta semana, segundo Amaral.

“No Estado, hoje, já temos 2.400 exames realizados e temos projeção para que esta semana venhamos aumentar a capacidade de exames em até 1.800 por dia. Com isso entendemos que haverá considerável alinhamento entre notificações e exames colhidos e a capacidade operacional da secretaria”, disse.

Dados do Informe Epidemiológico da SES, desta segunda, apontam que Minas tem 29.724 casos suspeitos do novo coronavírus, 261 casos confirmados, um óbito confirmado e 23 em investigação.

Testes em falta

O infectologista Carlos Starling explica que a escassez de testes não se dá por culpa do governo, mas sim pela falta dos exames no mercado.

“Agora que os testes estão começando a chegar. Está tendo uma dificuldade enorme para comprá-los. Precisamos lembrar que enfrentamos uma epidemia há três meses. A indústria não consegue suprir a necessidade de testes que o mundo demanda”, explicou ao BHAZ.

A falta de testes influencia no não diagnóstico, ou a subtificação dos casos. O BHAZ mostrou o drama de uma família da capital que levou um bebê de 1 ano e 3 meses ao hospital após apresentar febre alta, tosse e dificuldades para respirar.

O pequeno Miguel foi diagnosticado com Covid-19. A confirmação, no entanto, não aconteceu por meio da análise do sangue do pequeno.

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“A médica disse que não tem teste disponível para todos, só para os pacientes internados. Ela afirmou que todos os sintomas eram de coronavírus”, revelou a avó de Miguel, Eunice Costa.

Problema mundial

Além de Minas Gerais, Carlos Starling revelou que outros países enfrentam dificuldades na aquisição dos exames.

“A indústria não consegue produzir kits em quantidades necessárias para o planeta. O mundo inteiro enfrenta esse problema, não é específico de Minas Gerais e do Brasil, até os Estados Unidos passam por isso”, reiterou.

Subnotificações

Profissionais da área da saúde vêm denunciando a subnotificação do Covid-19 em Minas. O BHAZ trouxe o relato de médicos e enfermeiros que precisam mandar os pacientes para a casa sem a confirmação da enfermidade.

Questionado sobre o motivo de o Estado ter menos casos confirmados do que os estados vizinhos São Paulo (1.451) e Rio de Janeiro (600), o secretário apontou diferenças nas características entre eles e citou que não há subnotificação.

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“É fundamental que tenhamos noção das diferenças entre os Estados, São Paulo e Rio de Janeiro estão mais ligadas às pessoas vindas do exterior do que a própria BH. Efetivamente, não notamos aumento de casos significativos a ponto de que Minas esteja subnotificando ou não identificando casos de coronavírus”, ponderou.

Carlos ainda ressaltou que os profissionais estão orientados a notificar caso atendam pacientes suspeitos. Ainda sobre uma possível subnotificação de casos, o titular da saúde disse não acreditar, pois, segundo ele, não está havendo sobrecarga nos hospitais.

Confira a nota completa da Secretaria de Estado de Saúde (SES):

“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que, em relação aos exames que estão sendo realizados pela Fundação Ezequiel Dias (FUNED), atualmente, há 2.400 exames que já foram realizados pela Fundação e que a previsão é que até o fim desta semana o estado aumente sua capacidade operacional para cerca de 1.800 exames por dia, com isso entendemos que haverá considerável alinhamento entre as notificações, os exames colhidos e a capacidade operacional da secretaria.

No entanto, é importante entender que o número de notificações cresce progressivamente e a secretaria gradualmente vai ampliando sua capacidade operacional”.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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