Mesmo sem leitos de Covid, cidade mineira anuncia reabertura do comércio

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Monte Carmelo vive colapso na saúde (FOTO ILUSTRATIVA: Fernando Frazão/Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Em meio ao colapso do sistema de saúde para tratar a Covid-19, a Prefeitura de Monte Carmelo, na região do Alto Paranaíba, decretou estado de calamidade pública na última quinta-feira (18). Um dia depois, foi anunciada a abertura de setores do comércio, como, por exemplo, bares e restaurantes. A cidade tem 2.215 casos confirmados, 64 mortes e todos os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados.

A flexibilização no comércio ocorreu, conforme explicou o prefeito Paulo Rocha (PSD), para ajudar o setor. “Nós já ficamos 15 dias praticamente com o fechamento de todas as atividades para diminuir a curva de infectados, mas o comércio não pode ficar parado mais tempo. Muitas instituições passando dificuldades”, disse o chefe do Executivo em vídeo nas redes sociais.

A partir de hoje (22), bares, restaurantes, centros comercias, galerias e outros setores estão autorizados a funcionar de segunda a sexta das 8h às 18h. Aos finais de semana, apenas o comércio essencial está autorizado a abrir as portas. O prefeito pediu a consciência e colaboração da população. “Temos que ter bom senso e acostumar com a nova rotina durante muito tempo… Vamos sair disso tudo. Máscara salva vida e distanciamento social também”.

Apesar da autorização da prefeitura, alguns setores seguem impedidos de funcionar: cinemas; circos; parques infantis recreativos, passeios turísticos (inclusive trenzinhos infantis e city tour); boates, casas noturnas, baladas e similares; eventos festivos, sociais e corporativos, inclusive familiares; clubes sociais; locação de chácaras ranchos, salões de eventos e áreas de lazer.

Leitos lotados

A volta do funcionamento do comércio acontece em meio à lotação dos leitos para tratar o novo coronavírus. Dados do Boletim Municipal Diário, desse domingo, apontam que tanto enfermaria, quanto UTI estão lotadas e já atingiram 100% ocupação. Para o médico infectologista Leandro Curi, a decisão da Prefeitura de Monte Carmelo é um tanto quanto “esquisita”, pois não há vagas na rede hospitalar.

“Não sei explicar esta decisão. É esquisita, mas ressalto que cada município possui critérios próprios para determinar a abertura e fechamento dos comércios. Em Belo Horizonte, por exemplo, é o índice de transmissão e as ocupações de leitos. Abrir o comércio neste cenário [de Monte Carmelo] é preciso ser baseado na análise dos especialistas”, afirma.

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Boletim desse domingo (Reprodução/@prefeiturademontecarmelo/Facebook)

O BHAZ entrou em contato com a Prefeitura de Monte Carmelo para saber quais os critérios utilizados para a tomada de decisão. A administração municipal informou que, neste caso, aconteceu “uma reunião com a procuradoria do Triângulo do Norte, e com os prefeitos [das cidades da região]” e foram estabelecidas “normas conjuntas para todas cidades que compõem a macro Região do Norte”.

A cidade recebeu 12 respiradores, conforme informou o prefeito, e pretende abrir mais 11 leitos para atender a população.

Falta de oxigênio

Monte Carmelo foi destaque na imprensa após o prefeito da cidade pedir a doação de cilindros de oxigênio. “Se você tiver um cilindro de oxigênio usado, que está em casa, vazio, por favor nos empreste para que a gente possa dar condições para fornecer o oxigênio a essas pessoas que estão internadas em nosso hospital”, pediu.

Nove dias após o apelo do político, a situação continua complicada. “Ainda está crítica. A distribuição do oxigênio está sendo realizada duas vezes por dia, devido à alta demanda. Sempre estamos precisando [de cilindros].

População temerosa

A decisão de abrir os comércios, mesmo com restrições, não agradou parte da população. Nas redes sociais do prefeito Paulo Rocha, internautas classificaram a decisão como “abusrda”. “Acho que este momento não é propício para dar voto de confiança à comunidade de Monte Carmelo, porque muitos não levam a sério e nem cumpre, com responsabilidade o decreto e as normas”, questionou um.

Há também aqueles que defenderam a medida anunciada. “Você está fazendo sua parte, agora cabe à população fazer a parte que lhe cabe”. O decreto que entrou em vigor hoje é válido por uma semana.

Edição: Roberth Costa
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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