Recorde alarmante: BH tem 94% de ocupação em UTIs e segue em alerta

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Situação em BH, assim como no restante do país, é alarmante (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Se as medidas de restrições mais rígidas determinadas pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) foram consideradas “radicais“, os números da Covid-19 na capital mostram que existe um inimigo maior e mais preocupante. Nesta terça-feira (16), a capital alcançou a marca alarmante de 94,1% de ocupação dos leitos de UTIs (Unidade de Tratamento Intensivo). Os três principais indicadores da Covid-19 seguem no nível vermelho, de alerta máximo e apenas entre ontem (15) e hoje foram registradas 28 mortes pela doença.

Segundo o Boletim Epidemiológico Assistencial mais recente, divulgado pela PBH nesta tarde, a capital tem 125.661 casos confirmados de Covid-19 desde o início de pandemia. O total de mortos até o momento é de 2.930 e o número de recuperados está em 116.020. Outros 6.711 casos ainda são investigados pela Secretaria Municipal de Saúde. Até o momento, a pandemia já levou a vida de duas crianças, de 1 a 4 anos de idade, um adolescente, com idade de 10 a 14 anos, 62 na faixa etária de 40 e 59 anos e outras 2.446 vítimas idosas, de 60 anos pra cima.

Apesar dos números ainda preocupantes, o último balanço mostra um início de queda, que, caso se mantenha, pode trazer um fôlego para a capital. A taxa de ocupação em leitos de enfermaria foi de 78,9% para 77,5% e o fator RT – número médio de transmissão por pessoa infectada – também teve uma tímida queda: foi de 1,28 para 1,27. Com a dificuldade de chegada da vacina contra a Covid-19, a maior parte população e profissionais da saúde seguem sem proteção contra o vírus. Até esta terça, 173.029 pessoas receberam a primeira dose, e 76.692 a segunda.

Indicadores da Covid-19 estão todos no vermelho (Reprodução/PBH)

Alerta de colapso em BH

“Vamos nos unir, se não essa situação vai piorar. O serviço vai colapsar. Estamos no pré-colapso, que vai depender da ação cidadã de cada um de nós”, afirmou o especialista Estevão Urbano na última semana, durante a entrevista coletiva em que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou novas medidas de restrição em BH. “Nós já comentamos que certamente não tínhamos visto a pior face da pandemia, e estamos começando a ver essa face agora. Qualquer coisa significa colapso no sistema, e colapsando o sistema, não adianta ter plano de saúde. Não vai conseguir internar. Estamos vendo no interior que as pessoas precisam ser assistidas em casa. O que vimos em Manaus está chegando muito perto da gente”, complementou o infectologista Carlos Starling.

Em entrevista concedida ao BHAZ na última quinta-feira (11), o médico infectologista Unaí Tupinambás, integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da PBH, já adiantava a preocupação com o cenário do sistema de saúde. “A situação do Brasil todo está preocupante, estamos tendo recordes de mortes diárias. O sistema funerário de algumas regiões do país pode colapsar, tem lugar que já não tem leito mais. Mesmo em BH, pode ter um colapso do sistema de saúde”, afirmou o especialista.

Tupinambás disse ainda que o ideal seria um movimento nacional para brecar o avanço da Covid. “Se fizéssemos um lockdown de 21 dias, no Brasil, o prejuízo econômico seria muito menor do que o que vamos ter com o enfrentamento inadequado da pandemia. Também precisaríamos de um auxílio emergencial decente, porque R$ 200 são para morrer de fome”, afirmou. “Um prefeito não teria o poder que um presidente tem de decretar um lockdown, acho que só mesmo um presidente poderia decretar medidas mais duras assim. Na prefeitura, a gente chama, solicita que as pessoas entendam o momento e colaborem”, finalizou o médico infectologista.

Minas Gerais sem leitos de UTI

“É isso que queremos em Minas? Ver as pessoas morrendo pelas ruas?” Os duros questionamentos do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), resumem a situação enfrentada pelas mineiros atualmente, no momento mais crítico da pandemia do novo coronavírus. O mandatário anunciou, no início da manhã desta terça-feira (16), que o sistema de saúde entrou em colapso no estado.

“Chegamos em um ponto onde nosso sistema de saúde entrou em colapso: mais pessoas procuram nossos hospitais do que temos capacidade de atendimento”, informou Zema, ao justificar o anúncio feito na noite de ontem (15) de colocar todas as regiões de Minas na onda roxa, fase com medidas mais extremas para brecar o avanço da Covid-19. “Não quero que Minas vire palco de filme de terror”.

“O que faremos a partir de amanhã [quando começa a onda roxa em todas as regiões do estado] muitos estados fizeram nos últimos meses. Nós estamos aqui para salvar e preservar a vida dos mineiros”, afirmou o governador. “Não temos outra alternativa do que colocar um teto no número de casos e as únicas medidas são vacinação, que está a passos lentos, e o isolamento social. Estamos sendo obrigados a optar se continuamos vivendo como se nada estivesse acontecendo ou fazer um isolamento para salvar vidas”, resumiu.

Reforce a proteção contra o vírus

A SES-MG orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.


Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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