Turistas de BH ‘invadem’ cidade mineira e moradores temem contágio por coronavírus: ‘Complicado’

Aos finais de semana, fluxo de turistas é grande em Moeda
Aos finais de semana, fluxo de turistas é grande em Moeda (WhatsApp/Reprodução + Banco de imagens/Shutterstock)

Moradores de Moeda, na região Central de Minas Gerais, vivem com o medo constante de serem contaminados pelo novo coronavírus. O motivo? O grande fluxo de turistas na cidade de apenas 4,9 mil habitantes.

As cachoeiras são os principais atrativos do local de natureza exuberante e distante a 81 quilômetros de Belo Horizonte. Apesar disso, a prática do turismo, durante a pandemia da Covid-19, não é recomendada por especialistas. O BHAZ ouviu um infectologista (veja abaixo) sobre o assunto.

Nas redes sociais, um vídeo gravado no último sábado (11) mostra um homem convidando as pessoas a frequentarem a cidade, em tom de revolta e ironia. “Venham para Moeda. Moeda não tem coronavírus é o único lugar do mundo que não tem vírus”.

De fato, a cidade segue sem casos confirmados, conforme conta, ao BHAZ, o fiscal sanitário Francisco Multari. “Graças a Deus não tem confirmação de coronavírus. Estávamos com sete suspeitas, e somente três seguem em análise, as outras quatro foram descartadas”.

O fiscal disse que a prefeitura vem realizando trabalho de conscientização com os moradores, durante a semana, alertando para a importância de permanecerem nas casas, evitarem aglomerações e manterem a higienização.

“Um decreto municipal restringe o horário de funcionamento dos comércios das 7h às 17h. Depois, pode funcionar somente com retirada no balcão ou delivery. Outra coisa que o documento proíbe é a aglomeração de pessoas”.

Prefeitura tem feito ações com os moradores (Prefeitura de Moeda/Reprodução)

‘População flutuante’

O problema, segundo Multari, é o final de semana. “A população flutuante é muita nestes dias. Depois que o [Alexandre] Kalil, prefeito de Belo Horizonte, fez o decreto do isolamento, todo mundo vem passar o final de semana aqui. E é muita gente”, conta.

A confirmação do grande fluxo de moradores da capital é baseada nas placas dos carros em Moeda. “A maioria dos turistas são de BH. A grande parte das placas são do pessoal da capital, arrisco que 90% dos carros que vêm pra cá são de Belo Horizonte ou das cidades da região metropolitana”.

As cachoeiras são os lugares mais procurados pelos turistas. “As que são pagas nós conseguimos fazer um controle, mas nas abertas não tem como. Fechar e impedir as pessoas de frequentarem nós não temos autorização. O que resta é fazermos o trabalho de conscientização para eles evitarem ao máximo aglomerações”.      

Medo

Com a ida de muitos turistas para Moeda, aumenta também o medo da população. O receio é de algum dos visitantes possa estar com o vírus e levá-lo até a cidade.

“Belo Horizonte é a cidade com o maior número de casos confirmados e isso deixa a gente ainda mais preocupado, já que a maioria da população flutuante vem de lá”.

Os constantes feriados prolongados é outro fator preocupante. “O último agora [Semana Santa] teve gente demais. Agora já vai começar outro [Tiradentes] e logo na outra semana vem o do Trabalhador. É complicado demais”.

‘Fique em casa’

Sair de casa em busca de recreação em meio à pandemia da Covid-19 não é recomendado. Em entrevista, ao BHAZ, o infectologista Leandro Curi ressaltou que o momento é de ficar em casa.

“Turismo e outras atividades de recreação, como churrasco, piquenique, não é recomendado por agora. O ideal é ficar em casa, independentemente do lugar que a pessoa pretende ir”, alerta o profissional da saúde.

A recomendação é explicada pois estas atividades reúnem aglomerações de pessoas. “Fazer turismo por agora não é bom, pois junta um grupinho pra ir na cachoeira e quanto menos espera, a aglomeração está formada. Repito, o ideal é ficar em casa”, conclui.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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