O aumento dos preços do gás de cozinha já afeta o país inteiro e faz com que consumidores se desdobrem para lidar com os valores que ultrapassam os R$ 100. Nas redes sociais, a ascensão da opção de parcelamento do valor vem gerando indignação, já que o produto é de primeira necessidade.
Na última quinta-feira (10), a Petrobras anunciou o aumento do preço médio de venda do GLP (gás liquefeito de petróleo) para as distribuidoras, de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, o equivalente a R$ 58,21 por 13kg. A mudança reflete um reajuste médio de R$ 0,62 por kg.
Em Belo Horizonte, a última pesquisa de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para o botijão de 13 kg foi realizada entre os dias 6 e 12 de março. Segundo o levantamento, o preço médio era R$ 105, enquanto o máximo encontrado foi de R$ 135.
Já uma pesquisa do Mercado Mineiro feita entre os dias 3 e 4 de março, em BH e região metropolitana, apontou para o preço máximo de R$ 135, mesmo antes do reajuste da Petrobras. O levantamento identificou um aumento de até 25% na média em relação a março do ano passado.
Estabelecimentos na Grande BH já oferecem a opção de parcelar o alto valor do gás no cartão de crédito, em até duas ou três vezes sem juros: é o caso de distribuidoras como a Tupi Gás e a Ricardo Gás, na capital mineira, e do Deposito de Gás Jatobá, em Ibirité.
Indignação
A necessidade de parcelamento de um bem que, muitas vezes, precisa ser adquirido uma vez ao mês provoca revolta ao redor do país. O tópico virou assunto nas redes sociais nos últimos dias, com a alta de casos de distribuidoras que passaram a oferecer a opção de dividir o valor.
“Quando ouço que estão vendendo botijão de gás parcelado, fico tentando imaginar o tamanho do buraco em que estamos e até onde conseguimos descer”, escreveu um usuário do Twitter. “Ter que comprar um botijão de gás parcelado é triste demais”, publicou outro internauta.
Você tem certeza que o país acabou (para os pobres) quando o botijão de gás vendido a R$ 150 .00 é parcelado em 10 x no cartão , em São Paulo .
— Marcos Cesar (@MarcosC68201292) March 13, 2022
Botijão de gás custando R$125 em Franca. Vendedores tendo que parcelar no cartão. O orçamento do mês mais apertado e o preço dos restaurantes subindo. Resultado da política de preços da Petrobrás, que aumenta o lucro dos acionistas e a conta que a população paga.
— Guilherme Cortez 🧜🏽♀️🧜🏽♀️ (@CortezPSOL) March 14, 2022
jamais pensei que a gente chegaria no ponto de parcelar em 3x um BOTIJÃO DE GAS??????????
— dany (@dnysb_) March 16, 2022
‘Bola de neve’
O diretor do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, aponta que o parcelamento do gás de cozinha pode acabar se tornando um problema com efeito “bola de neve”. No entanto, o economista reconhece que esta é a única opção para muita gente em meio à alta dos preços.
“Na educação financeira, o recomendado é que produtos de primeira necessidade, como gás e supermercado, sejam pagos à vista, porque no mês seguinte eles já precisam ser pagos de novo. O ideal eria não protelar o pagamento de algo que já é utilizado imediatamente”, começa.
O risco, segundo o especialista, é de que o consumidor parcele o valor em três vezes em um mês, e no mês seguinte já divida outro botijão novamente, acumulando várias parcelas.
“Mas este é um momento atípico, e vira utopia falar isso para a população de baixa renda. O consumidor tem que ver o que é melhor para ele, mas se ele não melhorar financeiramente, isso vira uma bola de neve”, completa.
“É a saída que estão tendo para o momento, não é ideal mas é o que está acontecendo. Afinal, se você não tem recurso e seu filho está com fome em casa, vai fazer o quê?”, finaliza Feliciano Abreu.