Com muita raça e amor: Atleticana cria associação para visibilizar doenças raras

Arquivo Pessoal/Roberta Ladeira

Não é só futebol. A conquista da Libertadores pelo Atlético, em 2013, trouxe alegria ao ano difícil que a torcedora Roberta Ladeira teve, depois de retirar um tumor na cabeça e desenvolver duas doenças raras. Em meio a um tratamento complicado, a atleticana conseguiu esquecer por um momento as dores e os desconfortos para comemorar o título histórico.

Roberta, de 38 anos, é fundadora do PanDI, associação que busca informar, encontrar pesquisas e dar visibilidade às duas doenças raras com as quais ela lida. Na sigla, o ‘Pan’ se refere ao Panhipopituitarismo, que é a falta da produção de todos os hormônios produzidos pela hipófise. O ‘DI’, por sua vez, indica a Diabetes Insipidus, condição causada pela ausência do hormônio que controla a sede e a urina.

A torcedora adquiriu as doenças depois da cirurgia para a remoção de um tumor na cabeça, na qual a hipófise, glândula que controla a produção de hormônios, foi retirada. “Acabou que o tumor foi o de menos, a retirada que desencadeou o pior”, contou Roberta ao BHAZ, sempre mantendo o bom humor apesar do assunto difícil.

Encontrando ajuda no futebol

Roberta sempre foi muito ligada ao esporte: Mesmo tendo que parar de trabalhar como professora de educação física e bailarina de dança do ventre, ainda encontra alegria no futebol. Mineira de Coimbra, cidade na Zona da Mata, e apaixonada pelo Galo, ela considera o esporte seu refúgio e foi nele que resolveu procurar ajuda para a causa da associação.

Na busca, a mulher conseguiu o apoio de Marcos Rocha, lateral-direito que jogava pelo Galo na época da conquista da Libertadores. “Fiquei mandando mensagem pros jogadores, só ele retornou o contato. Ele foi empático à causa sem conhecer, não tem doença rara, ninguém na família tem. Ele ajuda muito, faz doações, divulga, paga exames. Podia ter feito igual todos os outros e ignorado, mas resolveu ajudar”, ressaltou a torcedora. Há dois anos, o jogador é padrinho do PanDI.

Roberta conta ainda com outras pequenas conquistas pela causa. Em 2017, ela foi ao Mineirão ver o “Game of Dreams”, partida entre os Amigos do Ronaldinho e Amigos do Penta (Seleção Brasileira campeã mundial de 2002). “Eu fiquei balançando a camisa, o Assis (irmão de Ronaldinho) pegou ela e eu pensei ‘nunca mais vou ver essa blusa’. Um tempo depois, o Ronaldinho gravou um vídeo com ela, autografou e mandou de volta pra minha casa”, contou rindo. Na conta de Instagram do PanDI, ela divulga o progresso na luta pela causa.

Busca por reconhecimento

Por meio do PanDI, Roberta procura dar visibilidade a doenças raras, que afetam até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos. “Tem um preconceito ao avesso: a nossa aparência não é de deficiente, às vezes a pessoa te vê com a aparência normal e não acredita que você está doente, acha que é frescura. A doença não é visível, mas não é imaginária”, explicou. Hoje, doze medicamentos por dia fazem parte da rotina da torcedora, que conta com muito apoio dos pais, do marido e do filho.

No site da associação, portadores das doenças podem se cadastrar para ter acesso à informação e receber doações de remédios e ajuda para os tratamentos. Hoje, 238 pessoas de todo o Brasil são cadastradas e a perspectiva é de alcançar cada vez mais. “Mesmo que eu não colha os frutos agora, outras pessoas não vão passar pelo que estamos passando”, conta Roberta.

Para conhecer mais sobre o PanDI, acesse o perfil da iniciativa no Instagram e o canal no YouTube.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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