Gritos homofóbicos fizeram com que a partida entre Náutico e Sampaio Corrêa fosse interrompida na noite dessa segunda-feira (15). O duelo pela Série B do Campeonato Brasileiro foi disputado em Recife, capital de Pernambuco. O clube mandante repudiou a atitude de alguns torcedores.
A paralisação aconteceu ainda durante o primeiro tempo da partida, por volta dos 26 minutos. O goleiro Luiz Daniel se preparava para cobrar uma falta quando gritos de “bicha” vieram da arquibancada.
O árbitro Ivan da Silva Guimarães Junior, do Amazonas, paralisou o duelo imediatamente após o ocorrido. “O árbitro tá falando que na hora que o goleiro do Sampaio foi cobrar a falta, gritos homofóbicos vieram da arquibancada do Náutico”, informou o narrador Rembrandt Júnior.
‘Babaquice’
O comentarista Cabral Neto criticou a atitude de parte da torcida. “Essa babaquice que se espalha pelos estádios brasileiros que, felizmente, não tinha chegado aqui em Pernambuco. Não que eu me lembre. Parece que alguns estão querendo trazer essa desgraça pra cá”, disse.
Cabral ainda alertou para a possibilidade do clube pernambucano ser punido. “Isso vai pra súmula e o Náutico pode ser punido”. Só que os gritos homofóbicos não constam na súmula da partida. Na parte de “ocorrências/observações” e “observações eventuais”, o árbitro citou que “nada houve de anormal”.
Repúdio
O Náutico lamentou a homofobia vinda das arquibancadas em uma postagem nas redes sociais. “Nas arquibancadas dos Aflitos só cabem o amor e o incentivo ao Náutico. A homofobia e qualquer outro preconceito não combinam com nossas cores”, escreveu.
Na imagem publicada veio a frase: “Entre o vermelho e o branco cabe um arco-íris inteiro. #NãoÀHomofobia”.
Nas arquibancadas dos Aflitos só cabem o amor e o incentivo ao Náutico. A homofobia e qualquer outro preconceito não combinam com nossas cores. 🏳️🌈 🇦🇹 pic.twitter.com/K8h6lZxidB
— Náutico (@nauticope) November 15, 2021
Flamengo punido
O Flamengo foi multado pelo STJD (Superior Tribunal Jurídico Desportivo) em R$ 50 mil em decorrência de gritos homofóbicos proferidos pela torcida. O caso ocorreu na partida contra o Grêmio, no Maracanã, no dia 15 de setembro, pelas oitavas de final da Copa do Brasil 2021.
A denúncia foi feita no dia 27 do mesmo mês pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ, por meio de uma “notícia de infração”.
Durante a partida, a torcida flamenguista entoou os seguintes gritos homofóbicos em direção ao adversário tricolor: “Arerê, gaúcho dá o ** e fala tchê”.
Após analisar as imagens fornecidas pelo Coletivo, o STJD enquadrou a torcida do Flamengo no artigo 243-G do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva). Ele se refere a ”praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. A multa a ser paga pelo clube carioca é de R$ 50 mil.
É crime!
Apesar de não constar na súmula da partida, o Náutico pode ser punido. Vale lembrar que a orientação do STJD, de punir os clubes por cantos homofóbicos, ocorreu após o STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizar a homofobia. Portanto, gritos homofóbicos podem não apenas prejudicar o clube – até com perda de ponto -, como, principalmente, é crime:
- “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
- a pena será de um a três anos, além de multa;
- se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
- a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
