Se não bastassem as situações técnica e administrativa caóticas do Cruzeiro – ocupa a Zona de Rebaixamento no Brasileirão e a diretoria é investigada por desvio de recursos -, o torcedor ainda precisa se preocupar com a atuação de duas organizadas. Isso porque Máfia Azul e Pavilhão Independente, conhecidas pela animosidade, recusaram a proposta de trégua oferecida nesta quarta-feira (16) pela cúpula celeste, com participação da Polícia Militar.
+ Ministério Público proíbe entrada de organizadas do Cruzeiro em estádios
Existe a expectativa, baseada através de mensagens trocadas por redes sociais, de novo confronto no duelo de logo mais, a partir das 21h, no Mineirão contra o São Paulo. Isso poderia representar uma punição para o clube, baseada no Estatuto do Torcedor, que complicaria ainda mais a situação celeste – o time não vence há oito jogos e está a quatro pontos do primeiro clube fora do Z4.
Em nota divulgada hoje, o Cruzeiro justificou a convocação do encontro aos “fatos ocorridos com frequência nas suas últimas partidas no Mineirão”. Segundo o clube celeste, após a reunião, representantes das duas torcidas puderam conversar reservadamente, “a Máfia Azul foi contrária e afirmou que não faria acordo”.
Diante da impossibilidade de trégua, o Cruzeiro afirmou entrar com representação no Ministério Público com o objetivo de se precaver “de qualquer incidente que possa vir a acontecer”.
Queda de braço
As duas torcidas divulgaram notas oficiais. A Máfia Azul atribui à rival a ocorrências das últimas brigas, que teriam começado no dia 21 de setembro, quando o Cruzeiro recebeu o Flamengo. “A Torcida Organizada Pavilhão Independente recebeu em sua sede, bem como diligenciou ao
estádio em companhia da Torcida Jovem do Flamengo (TJF), torcida
esta, diga-se de passagem, BANIDA dos estádios de futebol por determinação do MP/RJ pelo lapso de 3 anos”, diz em trecho do posicionamento.
A organizada mais tradicional do Cruzeiro ainda afirma que torcedores do Flamengo entraram em setor destinado a cruzeirenses graças à Pavilhão. “A real responsável por toda a situação ora vivenciada não se faz a maior torcida organizada do clube, mas sim a outra entidade que tratou o torcedor cruzeirense como se inimigo fosse”.
Por fim, diz que pleiteou que a rival ocupasse um outro setor – laranja – no Mineirão, o que teria sido negado. “Sendo inverídica a alegação de que nenhum acordo foi acatado e/ou proposto por parte de nossa entidade”, alega, na nota.
Por sua vez, a Pavilhão nega que tenha sido a responsável pelas confusões no jogo do Flamengo e que procurou o entendimento a todo momento. “Entendendo o momento do clube, que precisa mais do que nunca do seu torcedor, nos colocamos a disposição para resolver de maneira tranquila e apaziguadora essa situação. Porém, o mesmo não é visto do outro lado”.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por ⭐️ Pavilhão Independente ⭐️ (@pavilhaoindependente) em
“Hoje foi mais um exemplo de que somente um lado tem pensado no clube nesse momento. Por fim, esperamos que o torcedor cruzeirense continue comparecendo em peso e ajudando o nosso clube a sair dessa situação difícil”, diz em outros trechos do posicionamento oficial, divulgado no perfil do Instagram (leia a íntegra acima).
Suspensão
As desavenças entre as organizadas não são novidade para os torcedores. No início do mês, o Ministério Público chegou a determinar a suspensão das atividades da Máfia Azul e da Pavilhão Independente, proibindo a aproximação dos integrantes do entorno das praças esportivas num raio de cinco mil metros. A sanção vale desde o dia 5 de outubro e tem duração de 30 dias.
As duas torcidas também estão proibidas de utilizar suas sedes em dias de jogos do Cruzeiro, do Atlético ou do América. Descumprir essas ordens acarreta uma multa de R$ 50 mil.
Nota do Cruzeiro na íntegra:
“O Cruzeiro Esporte Clube informa que, por sua iniciativa e diante dos fatos ocorridos com frequência nas suas últimas partidas no Mineirão, convocou uma reunião que foi realizada na manhã desta quarta-feira. A mesma contou com a participação de integrantes das torcidas Máfia Azul e Pavilhão Independente, além de um representante da segurança do Clube e da Polícia Militar.
Durante o encontro, mostrou-se aos presentes os danos que as recentes confusões têm causado ao estádio, ao Clube e ao público em geral. Além disso, abordou-se em especial a partida diante do São Paulo, tendo em vista o histórico de conflito entre ambas as torcidas. Temas como o Estatuto do Torcedor e a disciplina que o mesmo deve ter no estádio foram colocados em pauta.
Posteriormente, os representantes da Máfia Azul e da Pavilhão Independente tiveram a oportunidade de discutir entre si, sem interferência dos demais, a fim de entraram em consenso. Porém, a Máfia Azul foi contrária e afirmou que não faria acordo.
Diante disso, o Cruzeiro Esporte Clube está preparando uma representação que vai ser feita junto ao Ministério Público, já se precavendo de qualquer incidente que possa vir a acontecer”.