Pais fazem vaquinha para bancar tratamento com maconha que mudou a vida dos filhos

Karen Gray/The Sun Online

No Brasil, a legalização da maconha ainda é um assunto polêmico. Já no Reino Unido, a discussão avançou um passo com a permissão do uso medicinal da erva. No entanto, um movimento de pais ainda luta para ter acesso ao tratamento que pode mudar a vida de seus filhos com epilepsia.

Em 2019, o país europeu legalizou medicamentos a base de maconha, distribuídos publicamente. Ainda assim, depois de um ano, os pacientes que precisam desse tratamento não tem recebido o apoio do Sistema Nacional de Saúde (NHS). Na matéria publicada pelo jornal britânico, The Sun, pais de crianças com epilepsia fazem um apelo para as autoridades.

Vidas transformadas

Os pais entrevistados pelo jornal relatam como o tratamento a base de maconha tem apresentado resultados extraordinários. Uma das crianças com epilepsia, Murray, de 7 anos, chegava a ter centenas de convulsões em um único dia. “Eu pensei que ele ia morrer, foi um pesadelo total”, relata a mãe do garoto, Karen Gray, ao The Sun.

Antes e depois do tratamento a base de Cannabis (Karen Gray/The Sun)

A mãe conta que o filho já está em tratamento há 11 meses e não tem uma única convulsão há 8 meses. No entanto, sem o apoio do governo, Karen não está conseguindo bancar o tratamento. O valor ultrapassa o equivalente a R$ 10 mil reais por mês. “Nós precisamos do financiamento para isso agora. Estamos sem renda por um ano e tivemos que contar até com financiamento coletivo”, desabafou.

Joanne Griffiths é outra mãe que faz parte da campanha. O filho dela, Ben, de 10 anos, não conseguia nem beber de um copo sem ajuda. Com o tratamento, o garoto teve “a vida transformada”.

Um ano de diferença na vida de Ben, depois de inciar o tratamento (Joanne Griffiths/The Sun)

Os pais, por outro lado, não conseguem levar uma vida normal. “Nós só queremos manter nossas crianças vivas e manter as convulsões reduzidas”, declara a mãe ao jornal britânico.

Medidas extremas

Uma das mães entrevistadas pelo jornal, Elaine Levy, chegou a vender a casa para poder pagar o tratamento da filha, de 26 anos. Ela conta que tentou todos os medicamentos disponíveis, mas os efeitos colaterais fizeram que a filha “se tornasse um zumbi”. “Eu não posso deixar ela voltar como estava, mas eu tive que vender minha casa, já que não posso mais pagar por isso”, contou.

Elaine Levy/The Sun

Apesar das dificuldades, a mãe garante ao The Sun que a filha é o bem mais importante. Elaine conta que a filha agora é uma “menina diferente” e teve até uma melhora no QI. “Os resultados tem sido fenomenais”, ressalta.

A resposta do governo

O secretário de saúde britânico, Matt Hancock, explica que a demora na liberação dos medicamentos públicos é devido a negociação com a indústria farmacêutica. “Eu estou trabalhando muito pesado nisso, tenho tentado mover o processo, mas tem sido mais devagar do que eu esperava”, lamenta, em entrevista a BBC.

O secretário reconhece a importância da reivindicação das famílias, mas garante que tem feito o possível para ajudá-las. “Eu entendo totalmente o esforço dos pais, nós temos que continuar tentando fazer progresso nisso. Mas tudo depende das empresas de medicamentos fazê-los corretamente”, ressaltou.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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