Repórter policial é baleado na cabeça no Centro de Amsterdã, na Holanda

Peter R de Vries
Ataque comoveu personalidades públicas e população holandesa (Reprodução/@nvj/Twitter)

Um dos maiores repórteres criminais da Holanda, Peter R. de Vries, sofreu um ataque nessa terça-feira (6), em Amsterdã, e está entre a vida e a morte. O jornalista holandês foi baleado, com vários tiros, em uma área central da capital do país, por volta das 19h30 (14h30 de Brasília). Ao menos um dos disparos teria atingido a cabeça do repórter. As informações são do jornal holandês NOS.

De Vries foi resgatado ainda com vida na rua e levado às presas para o hospital. O estado de saúde é grave e ainda não se sabe se ele sobreviverá. “Ele está lutando para sobreviver”, disse a prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, a repórteres, na noite de ontem. A chefe do Executivo municipal ainda descreveu De Vries como “um herói nacional para todos nós” e como “um jornalista raro e corajoso que buscou incansavelmente a justiça”.

O jornalista é uma figura pública famosa no país, um formador de opinião, e está envolvido em quase todos os grandes casos de crime na Holanda nas últimas décadas. Uma das suspeitas da polícia é que o ataque tenha relação com o “caso Marengo”. Marengo é uma grande organização criminosa na Holanda, cuja principal testemunha no julgamento da organização, Nabil B, tem como confidente o próprio De Vries.

Nabil B. testemunha contra Ridouan Taghi, um dos principais suspeitos no julgamento de Marengo, além de outros dezesseis co-réus. Depois que Nabil foi à polícia com informações sobre Taghi, seu irmão foi assassinado. Mais tarde, o advogado de Nabil, Derk Wiersum, também foi morto a tiros. 

Taghi era o o criminoso mais procurado na Holanda e foi preso em 2019, após ser pego pela polícia em Dubai, em colaboração com as forças holandesas, e hoje está preso no país e aguardando julgamento. Ainda assim, acredita-se que ele pode ter relação com o ataque ao jornalista.

Comoção

Políticos e profissionais da área jurídica reagiram com perplexidade ao ataque. Vários parlamentares, ministros e secretários de estado expressaram sua indignação. O líder do SGP, partido político conservador holandês, Van der Staaij, demostrou revolta com o ocorrido. “Que notícia chocante de que o repórter policial Peter R. de Vries foi baleado. Deve-se sempre lutar pelo Estado de Direito!”, destacou o parlamentar.

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte (VVD), chamou a tentativa de assassinato de “ataque ao jornalismo livre”. “O ataque a Peter R. de Vries é chocante e incompreensível. Um ataque a um jornalista corajoso e, portanto, um ataque ao jornalismo livre, que é tão essencial para nossa democracia”, disse Rutte, na noite dessa terça, em coletiva de imprensa.

O rei e a rainha da Holanda também se pronunciaram oficialmente. “Os jornalistas devem ser capazes de fazer seu importante trabalho livremente e sem ameaças”, disse o casal real, em comunicado. “Nós nos sentimos conectados a todos os que estão comprometidos com a liberdade de imprensa em nosso Estado Constitucional”, complementou.

A Associação Holandesa de Jornalistas se solidarizou com De Vries e a família dele. “O ataque ao jornalista policial Peter R. de Vries atinge o jornalismo direto no coração. Nossos pensamentos estão com Peter e seus entes queridos”, escreveram.

No último ranking de liberdade de imprensa da ONG (organização não governamental) internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Holanda ficou em sexto lugar, entre 180 países, atrás apenas da Noruega, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Costa Rica.

Ataques no Brasil

O Brasil, por sua vez, caiu quatro posições no índice de liberdade de imprensa e entrou na zona vermelha. O país está 111º lugar no ranking mundial da RSF. A organização destaca que, na maioria dos assassinatos, os repórteres, locutores de rádio, blogueiros e outros profissionais da informação estavam cobrindo histórias relacionadas à corrupção, políticas públicas ou crime organizado em cidades de pequeno e médio porte, nas quais estão mais vulneráveis. 

A RSF ainda pontua que a regressão tem relação com os insultos, difamação, estigmatização e humilhação de jornalistas por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No mês passado, em uma cerimônia de formatura da Escola de Especialistas da Aeronáutica, o político tirou a máscara e intimidou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo no interior de São Paulo.

Dias após o ocorrido, que repercutiu em todo o país, o presidente se descontrolou novamente ao conversar com jornalistas. Bolsonaro começou a gritar com a jornalista pedindo para ela mesma responder a pergunta e insultou outros profissionais.

Edição: Vitor Fernandes

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