Auxiliares de limpeza denunciam assédio e abusos na Universidade Federal de Juiz de Fora; suspeitos são afastados

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Dois servidores da universidade passavam a mão nas funcionárias, além de mostrar a genitália para elas (Twin Alvarenga/UFJF)

Pelo menos oito auxiliares de limpeza de uma empresa contratada pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) buscaram apoio do Sinteac-JF (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Juiz de Fora e Região) para denunciar casos de assédio sexual e outros abusos nas dependências da universidade. Em nota, a instituição informou que os servidores acusados por elas foram afastados das atividades (veja abaixo).

O advogado do sindicato, Rodrigo Gabriel, conta ao BHAZ que as funcionárias denunciaram a prática de vários atos libidinosos. Os suspeitos são dois funcionários que as tocavam sem consentimento, além de colocarem a genitália para fora das calças na presença delas.

Quando decidiram recorrer à universidade, as vítimas participaram de uma reunião com os advogados da UFJF, mas se sentiram intimidadas e com medo de perder o emprego. Foi então que acionaram o Sinteac-JF.

Polícia Civil investiga os abusos

O sindicato solicitou uma reunião com o reitor da universidade para acompanhar de perto o desenrolar das denúncias. Além de fornecer apoio psicológico às mulheres, orientou que elas procurassem a Casa da Mulher, espaço especializado em ocorrências de abuso sexual no município mineiro.

“Quem trouxe a situação ao nosso conhecimento foi a encarregada das funcionárias, que trabalham para uma empresa de limpeza terceirizada na universidade. Uma das vítimas, inclusive, teve que ser afastada por conta dos danos psicológicos. Está fazendo acompanhamento”, conta Rodrigo.

A Polícia Civil informa que, segundo informações da titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), delegada Alessandra Aparecida Azalim, o caso está sendo investigado. A corporação está realizando levantamentos e “mais informações serão divulgadas em momento oportuno, a fim de não prejudicar a apuração”.

O que diz a universidade?

Em nota enviada ao BHAZ, a UFJF informa que recebeu as primeiras denúncias referentes ao caso em maio deste ano, por meio de uma ouvidoria especializada. A partir de então, a instituição alega ter orientado as vítimas “para que registrassem boletim de ocorrência junto à Polícia Civil, visto a natureza das denúncias, e também para que buscassem serviços de saúde para atendimento e acompanhamento” (leia na íntegra abaixo). 

A universidade disse que os suspeitos foram afastados e que uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Juiz de Fora foi agendada para amanhã (20). “A UFJF reforça seu papel fundamental no enfrentamento às múltiplas formas de violência contra as mulheres, combatendo veementemente qualquer agressão e coibindo e punindo todas as formas de violência de gênero em nossos espaços”, acrescenta a instituição.

Nota da Polícia Civil na íntegra

“Por parte da Polícia Civil, sobre caso de assédio: conforme informações da titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), delegada Alessandra Aparecida Azalim, o caso está sendo investigado pela PCMG. Levantamentos estão sendo realizados e mais informações serão divulgadas em momento oportuno, a fim de não prejudicar a apuração.”

Nota da UFJF na íntegra

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lamenta profundamente a ocorrência de casos de violência contra mulheres e está atuando desde maio, quando teve registro do primeiro caso, para acolher e orientar as vítimas e tomar as providências necessárias frente à gravidade das denúncias apresentadas. A UFJF tomou conhecimento da primeira denúncia no dia 23 de maio deste ano, por meio da Ouvidoria Especializada em Ações Afirmativas e, a partir desta data, orientou as vítimas para que registrassem boletim de ocorrência junto à Polícia Civil, visto a natureza das denúncias, e também para que buscassem serviços de saúde para atendimento e acompanhamento. 

No dia 7 de junho, por meio da Diretoria de Integridade e Controle Institucional da UFJF, foi instaurado o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) referente ao caso. Consequentemente, foi formada uma comissão específica para apurá-lo. Todos os procedimentos disciplinares são cadastrados no sistema CGU-PAD, da Controladoria-Geral da União. 

Respaldada pelo Estatuto do Servidor Público Federal, a UFJF realizou há mais de um mês, no dia 15 de junho, o afastamento dos servidores denunciados do exercício de seus cargos. Neste meio tempo, a Ouvidoria Especializada da UFJF seguiu com o acolhimento às mulheres – ao todo, oito se apresentaram oficialmente. 

Quando todos os procedimentos acima descritos foram realizados, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Juiz de Fora e Região – MG (Sinteac-JF) estabeleceu contato com a Reitoria da UFJF. Prontamente, foi agendada uma primeira reunião oficial para esta quarta-feira, dia 20.

A UFJF reforça seu papel fundamental no enfrentamento às múltiplas formas de violência contra as mulheres, combatendo veementemente qualquer agressão e coibindo e punindo todas as formas de violência de gênero em nossos espaços. Por meio de educação e sensibilização da comunidade acadêmica, criação de espaços de escuta, acolhimento e encaminhamentos, buscamos a construção de um ambiente seguro e democrático que não tolera violências e abusos sexuais e de gênero.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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