Diretor de ‘Não Olhe Para Cima’ se diverte com fragmento de meteoro em Minas: ‘Já vendeu?’

Não Olhe Para Cima e meteoro
Filme aborda a chegada de um meteoro à Terra (Netflix/Divulgação + Reprodução/Redes sociais)

O meteoro que cruzou o céu de Minas Gerais na última sexta-feira (14) já tem fama internacional: até o diretor do filme “Não Olhe Para Cima”, febre da Netflix, comentou sobre o fenômeno, já que a obra aborda a chegada de um meteoro bem maior do que o que atravessou o estado.

“Kkkkkk Brasil, eu vou ter que fazer outro filme”, publicou Adam McKay, em português mesmo, ao mencionar um tuíte que mostrava um morador do município de Iraí de Minas, no Triângulo Mineiro, lavando um suposto fragmento “sobrevivente” do meteoro.

Comentando outra publicação no Twitter, que dizia que “o brasileiro precisa ser estudado pela Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço)”, o diretor voltou a brincar. “Já vendeu?”, escreveu McKay, ainda em português.

Dá pra vender?

A imagem comentada pelo diretor de “Não Olhe Para Cima” é uma montagem que mostra o suposto meteorito sendo vendido por mais de R$ 15 mil em um site de compra e venda. Segundo o astrônomo Marcelo De Cicco, que coordena o projeto brasileiro de pesquisas de meteoros no Observatório Nacional, esse mercado é comum no Brasil, mas ao mesmo tempo ilegal.

“Eu sou uma das pessoas no Brasil que combate esse mercado de objetos científicos, mas tem gente até da área de ciências envolvido em compra e vendas de meteorito”, lamentou ele em entrevista ao BHAZ no domingo (16). Marcelo contou que, fora do Brasil, fragmentos de meteoritos são vendidos a milhares de dólares, o que explica o interesse pelo objeto.

“Existe um decreto no Brasil que todo objeto científico – o meteorito se enquadra nele – tem que ter autorização do Ministério de Ciência e Tecnologia pra sair do Brasil. Se não tiver, é considerado contrabando. Mas em geral ele vai escondido na roupa, por correio”, disse.

Pode lavar?

A imagem do morador de Iraí de Minas lavando o meteorito que teria caído na cidade foi outra que movimentou as redes sociais nesse fim de semana. Em um vídeo, ele aparece lavando o objeto com uma escova e detergente e depois o exibe, impressionado.

“‘Ó’ o sinal que ela derreteu com o calor, olha aqui! E outra coisa também, ela quebrou com a pancada, olha lá. Cabou de lavar ela”, narra o homem, que não se identifica. Depois que as imagens viralizaram, muita gente se perguntou se tocar objetos vindos do espaço é um risco para a saúde.

Ainda em entrevista ao BHAZ, o pesquisador Marcelo De Cicco explicou que o objeto não causa nenhum mal ao organismo humano, mas que o mais recomendado é levá-lo a um centro de pesquisas adequado.

“Não há perigo nenhum em pegá-lo, é uma rocha comum. Mas não precisa lavar, o recomendado é cobri-lo e colocar dentro de um saco plástico. Quando a pessoa encontra um objeto que suspeita que seja um meteorito ela precisa entrar em contato com a universidade federal mais próxima, porque lá tem o setor de metalúrgica, o setor da área de química, que fazem o encaminhamento”, esclareceu.

Meteoro em Minas

Moradores de diferentes cidades do Triângulo Mineiro levaram um susto ao olharem para o céu, na noite da última sexta-feira, e avistarem um meteoro. Vídeos que circularam pelas redes sociais mostram que um rastro luminoso e cadente foi visto de diversas localidades – como Patrocínio e Patos de Minas – e o fenômeno despertou a curiosidade dos mineiros.

“Esse ‘trem’ foi lá pro lado de Patrocínio. Passou uma bola de fogo aqui, maior ‘mutreca’. Os meninos que tavam ali de fora viram, estão todos assustados”, disse um morador em áudio enviado pelo WhatsApp.

“Rapaz, esse ‘trem’ foi esquisito. Ali perto do Fabrício diz que lá balançou até as portas da casa, foi um estrondo”, comenta outro residente local. Apesar de todo o alarde, o Corpo de Bombeiros não recebeu nenhuma notificação de estragos que possam ter sido provocados pela queda do meteoro.

Para esclarecer como o fenômeno ocorre, o BHAZ conversou com o professor aposentado da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Renato las Casas. Ele contou que meteoros são mais comuns do que a gente imagina.

“Todo dia, toneladas de materiais do espaço caem na Terra. Todo dia. Agora, a grande maioria deles são materiais pequenos que são pulverizados na atmosfera. Então é algo muito comum”, disse o pesquisador.

‘Não Olhe Para Cima’

Dirigo por Adam McKay, o filme “Não Olhe Para Cima” trata sobre a chegada iminente de um meteoro que vai destruir a Terra, e a reação das autoridades e da população à notícia.

Na trama, Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence vivem dois cientistas que tentam alertar todo mundo sobre a chegada do “fim do mundo” e sobre possibilidades de evitar a vinda do terremoto. No entanto, eles são ignorados ou ridicularizados por autoridades como a presidente dos Estados Unidos, vivida por Meryl Streep.

“Não Olhe Para Cima” chegou ao catálogo da Netflix em 24 de dezembro de 2021 e já se tornou o segundo filme mais assistido da plataforma de streaming, atrás de “Alerta Vermelho”.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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