Em áudios, escrivã encontrada morta em MG relatou assédio e perseguição a amigos

morte escrivã
Rafaela Drumond tinha 31 anos e trabalhava como escrivã em Carandaí (Reprodução/Redes Sociais)

Em áudios que enviou a amigos em fevereiro deste ano, a escrivã Rafaela Drummond, de 31 anos, desabafou sobre o assédio que sofria por parte de colegas de trabalho da Polícia Civil de Minas Gerais. O g1 teve acesso às gravações que, inclusive, mostram as perseguições.

Além de xingamentos, um dos áudios mostra um agente ameaçando bater na escrivã. O corpo de Rafaela foi encontrado pelos pais na cidade de Antônio Carlos, a 51 km de Carandaí, onde trabalhava. A suspeita da polícia é de suicídio.

“Sabe o que que ele pegou e fez? Virou a mesa em cima de mim, caiu cerveja na minha roupa, caiu os negócios que tavam na mesa na minha roupa. Na hora que acabou isso eu peguei meu telefone e comecei a gravar. Eu devia ter gravado desde o início”, disse ela uma amiga.

Rafaela conta que relatou o ocorrido ao delegado e, inclusive, mostrou o vídeo que gravou. Ele perguntou se ela desejava tomar providências, mas ela preferiu não se expor temendo represálias.

Em outro áudio, narra que teve receio de contar a situação aos amigos devido ao desgaste que sentia. “Eu fiquei quieta na minha, achando que as coisas iam melhorar”, lamentou. A ex-PM Bruna Celle foi motivada a expor os próprios assédios que sofreu após o caso de Rafaela vir à tona (confira aqui).

Violências teriam começado em 2022

Ainda conforme o g1, a mulher contou os problemas envolvendo assédio, boicote e perseguição a outros colegas da unidade. Apesar disso, foi orientada a “esquecer”. Ao que tudo indica, as violências teriam começado quase um ano antes.

O Sindicato dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindep-MG) afirma que vem recebendo diversas denúncias de que a vítima estava sofrendo assédio moral e sexual, além de pressão no trabalho.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que abriu um procedimento investigativo. “A Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária (SIPJ), por meio da Inspetoria-Geral de Escrivães, além de uma equipe da Diretoria de Saúde Ocupacional (DSO), do Hospital da Polícia Civil (HPC), estão no município de Carandaí para acolhimento e atendimento dos servidores”, disse.

O BHAZ entrou em contato com a corporação novamente para confirmar se houve avanços na investigação. Tão logo retorne a demanda, esta matéria será atualizada.

Onde conseguir ajuda?

Especialistas em saúde mental reforçam a necessidade de busca por ajuda em momentos difíceis, já que todos nós estamos sujeitos a enfrentar questões que nos atordoam e causam sofrimento. Por isso, a mensagem é: você não está sozinho (a).

Ligações para o CVV (Centro de Valorização da Vida) são gratuitas em todo o país. Por meio do telefone 188, pessoas que sofrem de ansiedade, depressão ou que correm risco de cometer suicídio conversam com voluntários da instituição e são aconselhados. A assistência também é prestada pessoalmente, por e-mail ou chat.

  • Chat de atendimento (clique aqui)
  • Ligue 188
  • Por e-mail (clique aqui)
  • Presencialmente (veja os postos de atendimento aqui)

Além do CVV, também existem no Brasil os Caps (Centros de Atenção Psicossocial). Trata-se de um serviço aberto constituído por uma equipe multiprofissional, que atua interdisciplinarmente no atendimento a pessoas com sofrimento ou transtorno mental.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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