A visitação turística aos cânions de Capitólio, no Sul de Minas, está liberada pela prefeitura do município a partir desta quarta-feira (30). A autorização vem após quase três meses do desprendimento rochoso que matou 10 pessoas no Lago de Furnas. A Polícia Civil concluiu que o incidente foi um “evento natural“.
Segundo decreto publicado no site da prefeitura de Capitólio, os horários de funcionamento do passeio serão das 9h às 16h, de segunda a sexta-feira, e de 8h às 18h nos finais de semana e feriados. Novas medidas, que ditam sobre a circulação das lanchas e uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais), também estão formalizadas no documento.
No texto, o prefeito Cristiano Geraldo da Silva (PP) defende que a decisão foi tomada em razão da “importância econômico/social do uso do atrativo turístico”. O chefe do Executivo também justificou que já foram iniciados estudos geológicos no atrativo e que foi levado em consideração laudo da Defesa Civil de Capitólio.
Novas medidas de segurança
O decreto diz que as precauções extras para a retomada da visitação aos cânions de Capitólio são temporárias, para que o atrativo possa ser disponibilizado para turismo “até a apresentação dos relatórios finais dos estudos geológicos e realização do plano final de monitoramento”.
Dentre as novas medidas para a visitação à região está a rota de circulação das lanchas, que será dividida em trechos, com controle de fluxo, para evitar aglomeração de embarcações. Além disso, em alguns locais de maior risco, não será autorizada a parada das lanchas. Os passeios serão interrompidos em caso de chuva e não será autorizado o uso de caixas de som.
As restrições também incluem assinatura de termo de anuência por todos os passageiros, concordando com as medidas de segurança, uso de capacete e colete salva-vidas. O espaço também passará por uma análise diária, feita por profissional técnico, para avaliar qualquer deslocamento de rocha ou indício de novo deslizamento.
Polícia conclui investigação
A PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais) concluiu a investigação sobre a tragédia que deixou 10 vítimas fatais no Lago de Furnas, em janeiro deste ano. Em 4 de março, o órgão informou que não encontrou culpados pelo desabamento da rocha e classificou o ocorrido como um evento natural.
Durante a investigação, foram encontradas algumas irregularidades locais. O delegado regional de Passos, Marcos Pimenta, anunciou dez sugestões de aprimoramento, incluindo maior fiscalização e a implementação de um selo de identificação nas embarcações, que deverá ser fornecido pelo poder público após a análise das condições físicas e documentais das lanchas.
“Após intenso trabalho investigativo, a Polícia Civil não identificou uma ação humana específica que tenha provocado a quda da rocha. Com a finalidade de aumentar a segurança das pessoas que frequentam o local, a Polícia Civil elaborou uma lista de sugestões que será encaminhada aos órgãos e às instituições responsáveis pelo licenciamento e fiscalização da região”, diz um vídeo divulgado pela corporação.
Pimenta destacou que, durante toda a investigação, a Polícia Civil realizou reuniões com os ministérios e surgiu o entendimento de que é preciso contribuir para a “melhoria da segurança em Capitólio”. O primeiro ponto de atenção seria um mapeamento de todas as zonas de risco na região, além do movimento de massa, por geólogos e/ou outros profissionais especializados do ramo, bem como sua demarcação em campo e em planta.
Relembre tragédia
Na manhã do dia 8 de janeiro deste ano, pedras se soltaram de um cânion na represa de Furnas, em Capitólio, e atingiram embarcações de turistas. Três dias depois, os bombeiros encerraram as buscas para investigar o incidente depois que as 10 vítimas fatais foram encontradas.
À época, o CBMMG (Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais) comunicou que “todos os corpos já foram localizados e devidamente identificados pela Polícia Civil”. Após trabalho de investigação que envolveu equipes de várias forças e órgãos, a corporação afirma que não há mais nenhum desaparecido.
“Em decorrência de um trabalho técnico minucioso que envolveu equipes de mergulhadores especialistas da Corporação e em uma atuação integrada com outras forças e órgãos, todos os 10 corpos já foram localizados e devidamente identificados pela Polícia Civil“, informou o texto.