PM rompe barreiras e será o primeiro gay a se casar de farda em 178 anos

Um policial gay de Porto Alegre vai ser o primeiro a se casar usando túnica branca com botões dourados e quepe na cabeça em 178 anos da existência da Brigada Militar na qual é lotado.

O soldado Miguel Martins, de 29 anos, trabalha na cidade de Uruguaiana, cidade na fronteira com a Argentina, e está de casamento marcado com o modelo Diego Souza, de 21.

Miguel é policial militar há 10 anos e assumiu a homossexualidade dele na mesma época em que entrou para a corporação. Conhecido e respeitado por colegas de profissão, ele recebeu aval para se casar fardado do chefe, o tenente-coronel Roberto Ortiz, comandante do Batalhão de Patrulhamento de Áreas de Fronteira, e do comandante geral da Brigada Militar, o coronel Alfeu Freitas Moreira.

“Quanto mais os policiais militares estiverem bem na vida particular, será melhor. A gente quer que tenham uma vida boa, tranquila”, disse Moreira ao jornal F. de São Paulo na última semana.

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Diego e Miguel estão noivos e já moram juntos.
Reprodução/Facebook

Miguel e Diego moram juntos e pretendem oficializar a união em 23 de dezembro deste ano. Inicialmente, o evento seria simples e com poucos convidados. Mas, comentários homofóbicos publicados nas redes sociais dos noivos fizeram com que eles mudassem de ideia. “Decidimos lutar contra o preconceito. Ele não é diferente de ninguém. Tentaram prejudicar, mas o efeito foi justamente o contrário”, disse o modelo à Folha.

O casamento, a partir de então, é planejado para ocorrer ao ar livre e com muitos convidados. A intenção é que todos possam aproveitar o calor que faz durante o verão na fronteira entre Brasil e Argentina. Dois policiais militares vão ser padrinhos do casal e colegas da Brigada Militar, inclusive os comandantes, devem usar trajes de gala em apoio à união já que trata-se de uma tradição.

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Reprodução/Facebook

Preconceito

O soldado Martins revelou à F. de São Paulo que, apesar de encontrar apoio na PM, também tem que lidar com preconceito “velado” por parte de alguns colegas. Um caso ocorrido em 2009, quando trabalhava em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, foi um dos que mais o marcou.

“Todos tinham conhecimento da minha orientação sexual. Alguns não aceitavam e não tinham coragem para falar comigo. Não eram homens suficientes para falar na cara”, contou. “Sou um policial honesto e correto. Tenho que ser ainda mais correto porque sempre tentam achar um erro meu para apontar”, relata.

Já na internet, ofensas frequentes fizeram com que Miguel e Diego procurassem um advogado. Os dois estudam entrar na Justiça por causa dos ataques. Nas ruas, o tratamento é como o de outro policial qualquer. “Na cidade, todo mundo sabe que eu sou gay. Nunca vi nada hostil da parte da comunidade. Quando faço abordagens, eu sou o soldado Martins”, diz.

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