Quatro deputadas transexuais foram eleitas nesse domingo (2) em um cenário histórico. Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (PSOL -SP) serão as primeiras trans no legislativo federal. Linda Brasil (PSOL) e Dani Balbi (PCdoB) ocuparão cadeiras no legislativo estadual.
De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, as candidaturas de pessoas trans nas eleições aumentaram 44% entre 2018 e 2022.
Duda Salabert
Vereadora mais votada de Belo Horizonte em 2020, Duda Salabert (PDT) foi eleita deputada federal com 208.296 votos. Ela e Erika Hilton são as primeiras deputadas federais trans na história do país.
Pelas redes sociais, a parlamentar agradeceu. “Sou a primeira trans eleita do Congresso Nacional! Sou a deputada federal mais votada da história de MG! Mesmo com ataques de setores da esquerda, ataques dos ciristas, ameaças de morte da ultra direita, vencemos! Muito obrigada MG!”.
Duda nasceu em Belo Horizonte em 1981. Ela é professora de literatura há mais de 20 anos. Casou-se em 2011. Em 2015, iniciou sua jornada na batalha pelas causas ambientais.
EM 2016, idealizou a ONG Transvest, que oferece cursos educacionais a pessoas transgênero e travestis. É presidente da instituição até hoje. Em 2017, nasceu sua filha Sol e com isso, outro fato histórico: Duda é a primeira transexual do Brasil a efetivar o direito à licença-maternidade por 120 dias pelo INSS.
Ameaças
Desde dezembro de 2020, Duda enfrenta ameaças de grupos neonazistas via internet. Em agosto deste ano, após mais uma onda de mensagens criminosas, a então vereadora e já candidata à Câmara dos Deputados aceitou escolta de seguranças armados, oferecida pela Prefeitura de Belo Horizonte. .
“Recebi novas ameaças de morte de grupos neonazistas: 3 ameaças nos últimos 3 dias… Ontem foi o 1º dia de campanha: passei maior parte do meu tempo em reunião com as forças de segurança”, escreveu a parlamentar.
Nesse domingo (2), por exigência da equipe de segurança, Duda usou colete à prova de balas para votar na capital mineira.
Erika Hilton
Erika Hilton (Psol) tornou-se a primeira mulher trans a ser eleita deputada federal por São Paulo. Ela recebeu mais de 250 mil votos e ocupará uma cadeira no Congresso Nacional.
Antes de tentar eleger-se deputada, Erika foi vereadora na Câmara Municipal da capital paulista. Ela é conhecida por defender direitos de pessoas negras e LBTQIA+. Preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Cursou pedagogia e gerontologia, mas não chegou a concluir. A carreira política de Erika começou em 2015, quando tentou comprar passagens de ônibus e a empresa se recusou a emitir os bilhetes com o nome social dela. Após fazer petições online, e conseguir engajamento, resolveu o imbróglio e ganhou notoriedade.
Erika foi convidada a se filiar ao Psol um ano depois, ainda em 2016. Em 2018, integrou um mandato coletivo na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). Ela deixou o grupo para candidatar-se à Câmara dos Vereadores de São Paulo.
Foi eleita em 2020 com mais 50 de mil votos, sendo a vereadora mais votada do Brasil, além de fazer história, sendo a primeira mulher trans a assumir o cargo na Casa.
Nas eleições deste ano, Erika atingiu a marca de 251.312 votos – até às 20h55, com 97,18% das urnas apuradas.
Linda Brasil
Vereadora de Aracaju (SE), Linda Brasil (Psol) foi eleita a primeira mulher trans a ser deputada estadual em Sergipe. Ela teve 28.704 votos nas urnas.
“Gratidão a todos os 75 municípios que elegeram e fizeram história da primeira deputada trans a ocupar uma cadeira na Assembleia legislativa de Sergipe”, disse a agora deputada em um vídeo publicado nas redes.
Linda é natural de Santa Rosa de Lima. Educadora e ativista LGBTQIA+, foi eleita vereadora de Aracaju em 2020, sendo a mais votada e a primeira trans a integrar o legislativo municipal de Aracaju.
Dani Balbi
Professora e doutora em ciência da literatura, Dani Balbi (PC do B) se torna a primeira deputada transexual a ocupar um cargo na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Ela teve mais de 65 mil votos.
Nascida e criada no Engenho da Rainha, também foi a primeira professora trans da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Suas pautas estão na luta pelas mulheres, comunidade LGBTQIA+, cultura e pelo movimento antirracista.
Nas redes sociais, a professora agradeceu. “Obrigada pelos mais de 65 mil votos! Foi uma campanha incansável, linda, construída por centenas de mãos por todo estado do Rio de Janeiro”, começou.
“Agradeço a todos os apoios, aos artistas que me acolheram, aos companheiros de movimentos sociais que eu tanto admiro que foram linha de frente dessa candidatura, à família que eu pude chamar de minha durante os 45 dias e, principalmente, por cada voto de confiança depositado nas urnas ontem”.
