O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender o deputado federal Daniel Silveira (União Brasil), nessa quinta-feira (31). Em discurso no evento que marcou a troca de ministros do governo, no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo alfinetou o STF (Supremo Tribunal Federal) e aproveitou para tecer elogios ao golpe militar de 1964, que completou 58 anos ontem.
Em fala alusiva à “liberdade de expressão” que supostamente existia durante a Ditadura Militar – que vigorou por 21 anos no Brasil -, Bolsonaro criticou indiretamente ministros do STF, com destaque para Alexandre Moraes. O mandatário recordou as obras realizadas durante o período de repressão e questionou “o que seria do Brasil” sem os feitos da época.
“Todos aqui tinham o direito, deputado Daniel Silveira, de ir e vir. De sair do Brasil, de trabalhar, de constituir família, de estudar”, começou Bolsonaro. “Quem esteve no governo, naquela época, fez a sua parte. O que seria do Brasil sem as obras do governo militar? Seria nada”, disparou, comentando mais um pouco sobre os moldes governamentais do período.
Silveira na plateia
O presidente da República relatou que aprendeu desde cedo, em sua carreira militar, que “pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão”. “Você não pode ter do seu lado, o tempo todo, conselheiros dizendo ‘calma, calma, espera o momento oportuno’. Calma é o cac*te, pô!”, defendeu.
O líder do Executivo voltou a citar o deputado federal, dizendo que precisa fazer trabalhos difíceis. “É muito fácil falar: ‘Daniel Silveira, cuida da sua vida’. Eu não vou fazer isso. Fui deputado por 28 anos. E, lá dentro daquela casa, com todos os seus possíveis defeitos e muitos parlamentares, ali é a essência da democracia também”.
De acordo com O Globo, Daniel Silveira compareceu ao evento de ontem sem a tornozeleira eletrônica e ouviu o discurso do mandatário, da plateia. Isso significa que o parlamentar descumpriu outra ordem do STF, já que foi proibido de participar de eventos públicos.
Nessa quarta-feira (30), o ministro do STF fixou uma multa diária de R$ 15 mil no caso de descumprimento da decisão e mandou bloquear todas as contas bancárias do parlamentar para garantir o pagamento.
Relembre o caso
A declaração de Jair Bolsonaro vem após o ministro Moraes determinar, no último sábado (26), que Daniel Silveira voltasse a usar tornozeleira eletrônica e não deixasse o Rio de Janeiro, exceto para idas a Brasília pelo cargo. O deputado havia sido preso em fevereiro de 2021 após divulgar um vídeo com críticas aos ministros do STF e ao inquérito que investiga fake news (relembre aqui). À época, a Câmara decidiu manter a prisão.
Depois de anunciar em plenário que não cumpriria a ordem do ministro do STF, o parlamentar passou a madrugada dessa quarta-feira (30) na Câmara dos Deputados, para não usar o equipamento de monitoramento.
Moraes havia determinado que Silveira cumprisse a ordem até as 15h de ontem (31) na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Pouco antes do fim do prazo, o político compareceu ao local – com muita resistência – e foi embora menos de uma hora depois, já com o dispositivo.
Confira a cerimônia de Solenidade de Posse e Despedida de Ministros de Estado na íntegra:
Com Agência Brasil