Um coração de porco geneticamente modificado foi transplantado para um homem de 57 anos chamado David Bennett, em Baltimore (EUA). A inovação foi definida como um “tiro no escuro” pelo paciente, o primeiro a receber um órgão pelo animal suíno no mundo. Os médicos responsáveis realizaram o procedimento no Centro Médico da Universidade de Maryland.
Um dia antes da cirurgia experimental, Bennett declarou em entrevista que não teve outra opção para sobreviver: “É morrer ou fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha”, disse ele.
Segundo o The New York Times, o procedimento durou oito horas e mostrou que o coração de um animal geneticamente modificado pode funcionar no corpo humano, sem ser rejeitado imediatamente.
Homem não podia receber coração humano
O filho do paciente norte-americano, David Bennett Jr., disse à imprensa que o pai era inelegível para um coração humano e, por isso, tentar uma nova maneira de sobreviver se mostrou necessário. Apesar dos receios, o paciente foi operado na sexta-feira (7) e estava respirando por conta própria três dias depois, ontem (10), após um tempo ligado a máquinas.
“Meu pai estava em seu leito de morte. Seu prognóstico era muito, muito ruim. Os médicos fizeram tudo em seu poder para mantê-lo vivo. Eles basicamente disseram que, em menos de 6 meses, ele poderia não viver, durar um dia ou alguns dias. Nós estávamos no escuro à época. Foi muito difícil para ele fazer essa decisão, mas no fim do dia essa era sua melhor esperança de sair do hospital”, relatou à imprensa.
O médico Bartley Griffith, diretor do programa de transplante cardíaco do Centro Médico e quem performou a cirurgia, revelou que Bennett havia dito que, se ele não sobrevivesse, os médicos “aprenderiam algo”. O profissional relatou também que a equipe e o próprio paciente estão contentes com a decisão de mover adiante com o procedimento nunca antes explorado.
Operação inovadora foi um sucesso
Após o transplante ter fim e mostrar resultados positivos, Griffith ressaltou que isso nunca foi feito antes. “Está funcionando e parece normal. Estamos extasiados, mas não sabemos o que o amanhã nos reserva”, alertou o profissional. O quadro de Bennett continua sendo monitorado.
O diretor científico da Universidade de Maryland, Muhammad Mohiuddin, por outro lado, mostrou-se impressionado com o sucesso da operação. Afinal, o momento é de “crise” no que diz respeito ao fornecimento de órgãos para transplante humano. “Se isso funciona, haverá disponibilidade infindável desses órgãos para os pacientes que estão sofrendo”, argumentou. Para ele, a nova técnica é promissora no universo da medicina.