VÍDEO: UFMG tem, pela primeira vez, banca de dissertação de mestrado em língua indígena

16/05/2025 às 17h59
VÍDEO: UFMG tem, pela primeira vez, banca de dissertação de mestrado em língua indígena
Flávio Coelho Maxakali defendeu sua pesquisa em Maxakali. (Divulgação/UFMG)

A UFMG realizou, pela primeira vez, nesta sexta-feira (16), uma banca de defesa de dissertação de mestrado apresentada em uma língua indígena. O mestrando Lucio Flávio Coelho Maxakali, do programa de pós-graduação em educação: conhecimento e inclusão social, defendeu sua pesquisa em maxakali, idioma de seu povo, em Belo Horizonte.

O tema da dissertação do mestrando contou a história da escola do povo maxakalí (Tikmũ’ũn), que atualmente está localizado no município de Bertópolis, cabeceiras do rio Umburanas, Vale do Mucuri.

“Além disso, contei das violências que fizeram com os Tikmũ’ũn e escrevemos como vai ser nossa escola com a kuxex. Para fazer a pesquisa, eu conversei com os professores antigos e os professores de agora. Eu também conversei com Pajé e com lideranças para eles contarem histórias de violência de antigamente”, disse Lucio.

‘Escola é Casa de Religião’

Conforme o pesquisador, os mais velhos contaram que, quando a escola entrou no território maxacalí, ela não respeitou a língua e a cultura indígena. “Houve muita violência, os não indígenas acabaram com a nossa floresta e hoje nós estamos lutando para voltar com a floresta, porque ela é muito importante para nossos yãmĩyxop. Quando os professores eram não indígenas, os alunos não queriam ir para a escola, porque não pode ir para a casa de religião ou ir caçar com os yãmĩyxop”, afirmou.

O pesquisador da UFMG reiterou que, ainda que os professores sejam maxacalí, a escola ainda é um ambiente violento. “O prédio não é do jeito das casas tradicionais Tikmũ’ũn; ainda tem professor não indígena trabalhando na escola e o calendário não é Tikmũ’ũn, é igual de escola não indígena”.

Ele conta que a pesquisa evidencia que a escola de verdade é casa de religião, local onde é ensinado a língua maxacalí, cultura, floresta e beira do rio. “O pajé ajudou a fazer um calendário Tikmũ’ũn para a escola ensinar as crianças com yãmĩyxop”, explicou.

“Eu nunca vou me esquecer da nossa cultura. Nossa cultura não acabou, nossa língua não acabou. Por isso, eu me tornei pesquisador. Para fortalecer os nossos yãmĩyxop, as nossas matas e as nossas águas”.

Veja o vídeo:

Ana Magalhães

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e do programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Repórter do BHAZ desde agosto de 2024.

Ana Magalhães

Email: [email protected]

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e do programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Repórter do BHAZ desde agosto de 2024.

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