Um cientista de 104 anos viajou até a Suíça para tirar a própria vida. David Goodall morreu nesta quinta-feira (10) na clínica Exit International, instituição que ajuda pacientes a morrer. Ao contrário da maioria dos países do mundo, lá o suicídio assistido trata-se de uma prática legal. Ele escolheu tomar uma injeção letal e foi acompanhado por amigos e familiares.
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Goodall anunciou que passaria pelo procedimento há alguns meses e virou notícia na última semana após confirmar a decisão. O homem não sofria de nenhuma doença terminal, mas argumentava que sua qualidade de vida piorou muito com o passar do tempo. Ele escolheu a 9ª sinfonia de Beethoven para acompanhar sua morte, informa a clínica por meio de uma nota.
O australiano, que não acreditava em nenhuma forma de vida após a morte, deixou um último desejo aos familiares: ele pediu para não ser enterrado ou que qualquer tipo de cerimonial fosse realizado. O corpo do cientista foi doado à medicina. Antes de morrer, ele divulgou o desejo de passar pelo suicídio assistido amplamente por ser a favor de práticas do tipo.
“Lamento profundamente ter chegado a esta idade”, afirmou ao canal australiano ABC no dia em que completou 104 anos, no início do mês. “Meu sentimento é que uma pessoa velha como eu deve ter plenos direitos de cidadania, incluindo o direito ao suicídio assistido”, argumentou.
Goodall era pesquisador na área de ecologia da Universidade Edith Cowan de Perth. Em 2016, o cientista também virou notícia depois que a instituição o afastou das atividades que exercia sob o argumento de que seus deslocamentos ofereciam riscos a ele. A direção do local voltou atrás depois que a notícia se espalhou e gerou indignação na comunidade acadêmica.
Na Austrália, país onde Goodall viveu nos últimos anos, o suicídio assistido é legalizado desde 2017 no estado de Victoria apenas para pacientes com doenças em fase terminal.