“Papai te odeio” Menina denuncia na internet os abusos sexuais sofridos

Segundo apontam dados da Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência), mais de 80% dos abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes acontecem dentro de casa. E mais de 50% dos casos denunciados têm como abusador o próprio pai.  É uma realidade chocante, que foi relatada por uma adolescente argentina de 17 anos em uma página no Facebook.

Micaela, de 17 anos, resolveu criar uma página na rede social para tornar pública sua história e, assim, ajudar aquelas pessoas que passam pela mesma situação. Intitulada “Por Uma Infancia Sin Dolor” (“Por uma infância sem dor”), a página já soma mais de 80 mil seguidores. Em suas publicações, ela relata os abusos que sofreu desde os quatro anos de idade pelo próprio pai.

No texto “Papai, te odeio”, ela não hesita em expressar toda sua raiva: “Papai, que lê tudo que eu publico aqui, espero que também leia isto. O senhor e seu advogado merecem cair no mesmo inferno. Tomara que não consiga dormir nem hoje, nem nunca mais em paz. Lembre-se da minha voz infantil dizendo para me deixar em paz. Espero que isto lhe tire o sono”. E com frequência, compartilha frases fortes que costumava ouvir do abusador: “Tranquila… se você se mexer é pior”, “Quanto mais resistir, mais vai doer” e “Estamos só brincando”. “Meu pai, enquanto abusava de mim”, explica ao fim de cada uma.

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Os abusos foram descobertos no ano passado, 12 anos depois, pelos professores de Micaela, que notaram que a menina tinha um comportamento incomum na escola. Pouco depois, ela e sua mãe deixaram a casa onde viviam em Buenos Aires e denunciaram o abusador, que ela chama de “assassino de almas”. A mãe descobriu tarde toda a história, e, apesar de acompanhar a filha nas terapias, não deseja ver o ex-marido preso por necessitar da pensão que ele paga.

No texto de apresentação publicado na rede social, ela revela ter sentido medo de expor a história, mas decidiu vencê-lo para poder ajudar outras meninas e meninos. “Tinha medo de ser julgada, mas agora não”, escreveu. “Com 17 anos não posso ajudar como gostaria, só posso dizer a todos os sobreviventes que NÃO se calem. Me custou muito entender, mas nós não temos culpa e a vergonha deve cair sobre o agressor. Por isto mostro minha cara e digo a todos que, caso saibam de algo, não olhem para o outro lado.”

E ainda acrescentou: “Ao meu progenitor, que abusou de mim por anos, quantas vezes quis, aos que querem que eu esqueça tudo e guarde silêncio, aos que foram cúmplices, aos que me deixaram sozinha quando fiz a denúncia, aos que não acreditam em mim, aos que negam o abuso sexual infantil, tudo volta. Vocês não sabem o que se sente e por isso preferem calar e olhar para o outro lado. Não nos vão calar! Nunca mais grito sem voz! (…) As crianças não mentem.”

Fonte: Marie Claire

Jéssica Munhoz

Jessica Munhoz é redatora do Portal Bhaz e responsável pela seção Cultura de Rua.

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