Polícia do Rio começa investigação sobre racismo e intolerância religiosa no BBB

Reprodução/TV Globo

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância da Polícia Civil do Rio de Janeiro (Decradi) instaurou inquérito para apurar denúncias de racismo e intolerância religiosa na 19ª edição do Big Brother Brasil. As investigações tiveram início nesta segunda-feira (11) e correm sob sigilo.

Durante todo o fim de semana, internautas se mobilizaram indignados com declarações do mineiro Maycon Santos, sobre os colegas de confinamento Rodrigo França e Gabriela Hebling. A hashtag #BastaDeRacismoNoBBB chegou ao topo do Trending Topics (assuntos do momento) do Twitter entre usuários da rede no Brasil na manhã de domingo (10). A manifestação de repúdio ao preconceito racial é uma resposta direta a cenas transmitidas durante uma festa que movimentou os participantes do reality de madrugada. Em determinado momento da confraternização, Maycon se isolou e disse ter sentido arrepios ao ver Gabriela e Rodrigo, ambos negros, interpretando músicas que classificou como “esquisitas”.

Uma das canções em questão é “Identidade”, de Jorge Aragão, que fala sobre o preconceito e a valorização da raça negra. Ao ver os dois participantes juntos na pista de dança, Maycon seguiu para um dos quartos na casa do BBB. Em seguida, disse ao colega Diego que não queria voltar para a festa: “Tá o Rodrigo e a Gabi lá… com umas músicas muito estranhas”.

Ao retornar para a festa, Maycon ainda disse ter ouvido vozes ao ver a cena de Rodrigo e Gabi. “Escutei: Não faça igual eles’. Aí veio Jesus Cristo na minha mente e, tipo assim, para a vida, não aqui, para a vida inteira… se você fazer [sic] igual eles, eles ganha [sic] mais força”, disse o rapaz.

Na madrugada desta segunda-feira (11) hoje, Maycon, Paula e Hariany voltaram a criticar as religiões de matriz africana. Desta vez, ficou ainda mais claro o julgamento dos participantes, que insinuaram, durante toda a conversa, que Rodrigo e Gabriela estariam fazendo “trabalhos” espirituais para prejudicar outros participantes.

Maycon iniciou a conversa falando sobre a noite anterior, quando disse ter sentido arrepios ao ver Gabi e Rodrigo dançando. Nesta madrugada, ele disse que respeita as religiões, mas que tem medo. “Eu respeito esses negócios de religião, mas tenho medo desses negócios. Eles falam de Oxum, essas coisas”.

Após a declaração do mineiro, a goiana Hariany Almeida garantiu que presenciou Rodrigo e Gabriela falando sobre fazer trabalhos espirituais, no dia do último paredão.

Em seguida, Paula, que já havia feito declarações consideradas racistas pelos internautas, emendou dizendo que “eles são muito chegados a Oxum, Oxalá… eles são pesadão. Por isso falei que tenho medo de votar no Rodrigo”.

Maicon voltou a afirmar que os colegas de confinamento desejavam o mal a outros participantes. “A Isa falou pra mim: ‘A Gabi é uma pessoa boa’. Eu falei que talvez ruim é o que tá andando junto com ela. Esses dias que ela (Isabela) ficou doente foi muito estranho. Mas acho que não era pra ela não. Acho que era pra mim”, insinuou o jogador.

De acordo com o Art. 208 do Código Penal (CP) brasileiro, intolerância religiosa é crime e pode resultar em até um ano de detenção, além de multa. O capítulo do CP a respeito dos “Crimes contra o Sentimento Religioso” prevê a proibição de “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.

Sinara Peixoto

Formada em Comunicação Social com Ênfase em Jornalismo no Centro Universitário de Belo Horizonte e com pós-graduação na PUC Minas em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa. Atuou como editora na CNN Brasil, desde a estreia do veículo no país, e na edição do Portal BHAZ. Também despenhou várias funções ao longo de 7 anos na TV Record Minas, onde entrou como estagiária.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!